“A liderança do futuro tem de estar assente nas pessoas. São elas a base das organizações“ – Bárbara Aires Mateus, CEO & Founding Partner na INVALSER

Bárbara Aires Mateus, CEO & Founding Partner na INVALSER

Licenciada em Enfermagem e Sociologia e mestre em Comunicação e, docente em diversas instituições do ensino superior, Bárbara Aires Mateus bem cedo patenteou o seu percurso profissional numa visão de ajuda ao próximo. Foi no INEM que liderou várias missões em países em situação de catástrofe e foi de uma forma natural, como referiu em entrevista ao Brainsre News Portugal, que surgiu o Coaching na sua vida e na sua carreira.

Bárbara Aires Mateus, CEO & Fouding Partner na INVALSER, lidera a empresa de Consultoria nas vertentes da Gestão, Planeamento Estratégico, Recursos Humanos, Formação, etc. e trabalha com diversas organizações, nas quais a sua intervenção tem também abordagens ao ESG.

A Bárbara tem tido um percurso muito variado com muitas experiências interessantes e diversificadas. Como e quando se dedicou à área do Coaching e RH?

Foi a vontade de cuidar do outro que me levou à licenciatura em Enfermagem e a curiosidade que me levou à licenciatura em Sociologia. O mestrado em Comunicação em Saúde veio “coser” as duas. Não basta ter conhecimento, é preciso saber partilhar.

É isso que faço há 30 anos. No INEM, “especializei-me” na emergência médica pré-hospitalar e na gestão de catástrofes, onde a regra é trabalhar em situações limite. Liderei missões em países em situação de catástrofe. Liderei o Centro de Formação de Lisboa do INEM e o Departamento de Enfermagem da Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches (ERISA). Simultaneamente fui coordenadora do projeto da American Heart Association em Portugal e fui docente em diversas Instituições de Ensino Superior e outras.

O Coaching surge, como tudo na minha vida, de forma natural. Após a Certificação Internacional em Coaching, certificado pelo ICF e o Curso de Eneagrama, certificado pelo IEShalom, dediquei-me a ajudar os outros a percorrer um caminho, aumentando o autoconhecimento, definindo metas e estratégias para ultrapassar barreiras e alcançar objetivos.

Pelo meio, li os mestres: Daniel Goleman (inteligência emocional), Guy Le Boterf (desenvolvimento de competências) e, claro, Tim Gallwey, o “pai” do coaching. Cedo aprendi que ter metas bem definidas, foco, entusiasmo, determinação, persistência, coerência e equilíbrio permitem alcançar objetivos e ganhar autoconfiança.

Olho para trás e sei que valeu a pena. Hoje, a minha vontade — e a minha alegria — é ajudar os outros a descobrir o seu caminho.

Sei também que lidera uma empresa de Consultoria a – INVALSER – nas vertentes da Gestão, Planeamento Estratégico, Recursos Humanos, Formação, etc. Pode falar-nos um pouco como aconteceu, o que a motivou a isso?

A consultoria a empresas, nasce mais uma vez, como forma de dar resposta aos desafios que me foram sendo colocados. Fiz a Certificação em Análise Comportamental PDA (Personal Development Analisis), pela PDA International. Esta ferramenta fundamental, permite analisar com clareza o perfil comportamental, interação entre pessoas, necessidades comportamentais no cargo/função, entre outros. Mais tarde obtive a certificação em Job Observed Behaviors (JOB), pela PDA Internacional. E, porque sentia algumas lacunas na área da gestão, decidi fazer na AESE Bussiness School um Curso de Gestão de Organizações Sociais.

Tenho trabalhado com diversas organizações. É um processo altamente desafiante que permite encontrar resposta para os novos desafios. Procuramos ajudar as organizações a encontrar as ferramentas para agir, e recuperar o equilíbrio entre a eficiência e a eficácia, tendo como base o empowerment dos Recursos Humanos, a avaliação de processos e a definição clara de metas e objetivos a atingir.

É um processo, que foca as capacidades na produção de resultados e na modificação de comportamentos aumentando a eficiência e a eficácia, respeitando a individualidade de cada um e simultaneamente o todo.

Procuramos provocar a mudança nas Pessoas e nas Organizações, que sabem o que querem, mas não sabem como lá chegar, reconhecendo que é um processo individual, que difere de pessoa para pessoa, de organização para organização, onde o ponto de partida é único e o ponto de chegada depende integralmente de cada um.

Pretendemos ajudar as pessoas a serem mais felizes na sua organização e na sua Vida!

Como chega às organizações? E como se processa o seu trabalho?

Bom na verdade, às vezes faço apresentações, mas, maioritariamente, sou contactada pelas organizações. Isso deixa-me muito contente e confiante de que o trabalho que desenvolvemos é reconhecido. Um dos nossos lemas é, como costumamos dizer, “fazemos o fato à medida”, isto é, trabalhamos de forma única com cada organização. Todos os processos são revistos com frequência, feitas adaptações sempre que necessário, mas sobretudo respondemos com a maior exatidão aos desafios que cada organização nos coloca.

Numa primeira fase gostamos de ter uma conversa com os líderes da organização, para que possamos perceber quais os seus objetivos, desafios e condicionantes, particularidades etc. Definimos em conjunto os objetivos a alcançar. Trabalhamos então as novas estratégias e potenciamos competências. Este é o ponto de partida.

Partimos então “para o terreno”. No início desenhamos uma abordagem exploratória, recorrendo ao teste PDA que permite obter uma descrição concreta sobre o perfil comportamental, detalhando áreas como a liderança, motivação, tomada de decisão, etc. Possibilita ainda entender as predisposições comportamentais de cada um, em diversas áreas, para além de analisar as necessidades comportamentais num determinado cargo ou função.

Posteriormente, recorre-se a sessões individuais de feedback dos testes aplicados e sessões de grupo, onde existe partilha, coesão, desenvolvimento de aptidões e competências entre os membros do grupo, tendo em conta as metas a alcançar.

Decorrente do processo de intervenção e de acordo com o diagnóstico elaborado, pode ser necessário conceber e ministrar ações de formação direcionadas para a aquisição e desenvolvimento de aptidões e competências que capacitem as pessoas para um melhor e mais adequado desempenho dentro da organização.

O programa proporciona evolução, direção, inovação e apoio constante e permite que pessoas e organizações alcancem os objetivos de forma sólida e compensadora.

Estes são os caminhos. Esse é o seu ponto de chegada.

Então pode dizer-se que também prepara líderes! Deixe -me perguntar-lhe então, que liderança propõe para o futuro, já que vivemos um período de grande incerteza com constantes mudanças e a IA a “bater-nos à porta“?

A liderança do futuro tem de estar assente nas pessoas. São elas a base das organizações.

Em primeiro lugar um líder tem de ser um excelente profissional, perito em pessoas, tem de as entender, tem de “as tocar”. Depois é essencial que possua uma inteligência adaptativa que lhe permita, de forma rápida e eficaz, escolher o melhor caminho para cada ação. A capacidade de efetuar autorreflexões, de aprender a cada momento com o que vê, ouve e experiencia é também uma obrigatoriedade. Por fim diria que um bom líder é aquele que constantemente pratica o exercício de humildade, na aprendizagem com os pares e colaboradores, no diálogo e na escuta ativa.

Por vezes é necessário trabalhar os líderes, que por um razão ou outra não estão tão alinhados com a organização. Aqui, proporcionamos um trabalho de capacitação em áreas como a liderança pessoal, comunicação, performance, resolução de conflitos, motivação, entre outras competências fundamentais em contexto organizacional. Fornecemos ferramentas que estimulam a reflexão e a ação e trabalhamos os líderes para se superarem, terem entusiasmo e motivação para alcançarem os objetivos propostos.

Este processo transforma problemas em oportunidades, os líderes tornam-se cada vez mais eficientes, seguros e preparados para enfrentar os constantes desafios. Um deles, a Inteligência artificial.

A IA é já uma realidade bem presente. Muitos líderes do presente têm já a sua disposição mecanismos de IA que lhes permitem rentabilizar a performance das suas equipas. É indiscutível a mais valia da IA, no entanto, as pessoas continuam a ser o elemento diferenciador de qualquer organização. Portanto, continuamos a apostar em pessoas e líderes capazes de galvanizar os seus colaboradores, de os manter motivados e com capacidade de alcançar as metas propostas.

Sei que a sua intervenção tem também abordagens ao ESG. Pode explicar-nos como?

O ESG é um acrónimo que representa três áreas-chave no mundo dos negócios e investimentos: Ambiental (Environmental), Social e de Governança (Governance). O coaching pode abordar o ESG de várias maneiras, dependendo das necessidades e objetivos do cliente.

Ambiental (Environmental): O coaching pode ajudar os clientes a desenvolver uma consciência maior em relação às questões ambientais e a adotar práticas sustentáveis. Isso pode envolver a identificação e a criação de metas relacionadas com a redução do impacto ambiental, como a diminuição do consumo de energia, a gestão adequada de resíduos e a promoção da sustentabilidade nas operações empresariais.

Social: No contexto do coaching, abordar a dimensão social do ESG pode envolver o desenvolvimento de habilidades de liderança e inteligência emocional, bem como a promoção de uma cultura inclusiva e diversificada dentro das organizações. O coaching pode ajudar os clientes a tornarem-se líderes mais conscientes, capazes de criar ambientes de trabalho saudáveis e promover o bem-estar dos colaboradores.

Governança: A dimensão de governança do ESG refere-se à estrutura e ao funcionamento das organizações, incluindo práticas de gestão, ética empresarial, transparência e responsabilidade corporativa. O coaching pode auxiliar os clientes a desenvolver habilidades de tomada de decisão ética e aprimorar a sua capacidade de liderança eficaz. Isso inclui promover a responsabilidade pessoal e corporativa, bem como a construção de relacionamentos baseados na confiança e na integridade.

Assim, as intervenções ajudam as organizações a estabelecerem metas e métricas de desempenho relacionadas ao ESG, bem como a implementar estratégias e ações para melhorar sua performance nesses aspetos.

Como tem sentido a recetividade das organizações e das pessoas ao trabalho que desenvolve?

De uma maneira geral, a recetividade tem sido francamente positiva. Um dos fatores de sucesso, tenho a certeza que, é o facto de as intervenções em cada organização, serem únicas. Desde a definição de objetivos às intervenções, todos são envolvidos o que permite que todos se sintam identificados com a solução.

Claro que há casos em que líderes intermédios ou colaboradores, por uma razão ou por outra, não se sentem confortáveis com a intervenção. Sabemos, fruto da nossa vasta experiência, que na maior parte dos casos são líderes inseguros que têm medo de se expor, por isso tentamos identificar trabalhar as inseguranças e a autoestima.