Novo Banco põe à venda carteira de 640 milhões de euros

A carteira de crédito malparado de grandes devedores designada por Projeto Harvey já se encontra no mercado.

O banco liderado por António Ramalho põe à venda a carteira de 640 milhões de euros com dívidas de grandes devedores, avança esta segunda-feira o Jornal Eco. Em questão está o Projeto Harvey, que engloba empréstimos em situação de incumprimento com o valor bruto de 640 milhões de euros.

Segundo a publicação do jornal Eco, são dívidas de 20 single names que estão à venda neste pacote, contando com oito créditos de empresas e outros 12 créditos ligados ao setor imobiliário.

O Novo Banco pretende com a venda desta carteira reduzir ainda mais o rácio de NPL, que se situava nos 8% no final do primeiro trimestre deste ano. O objetivo passa por baixar o rácio para os 5% nos próximos dois anos. A instituição conseguiu lucros de 70 milhões de euros no arranque de 2021, no que espera ser a inversão da tendência depois de anos de prejuízos.

Chegou à mão dos investidores nas últimas semanas o teaser com as informações gerais desta carteira. A etapa seguinte, que decorre neste momento, passa pela assinatura dos acordos de confidencialidade e que vão permitir ter acesso a informação mais detalhada sobre este portefólio, com o banco a disponibilizar geralmente um data room virtual sobre o processo, fornecendo os nomes dos devedores e outros dados relativamente à situação do contrato. Na próxima etapa é que o processo avança para a fase de apresentação de propostas, até à escolha do comprador final.

Os bancos têm vendido carteiras de malparado para responder às exigências das autoridades europeias para limparem os balanços, rumo a um rácio de malparado de 5%, nos últimos anos. O banco liderado por António Ramalho foi uma das instituições mais ativas, devido à elevada exposição a estes ativos problemáticos, que herdou do falido BES.

O Novo Banco não se livrou de críticas pelas vendas com descontos significativos nestas operações durante a comissão de inquérito à instituição, que está prestes a ser concluída, com a apresentação e votação do relatório final no Parlamento esta semana.

Vendida ao fundo americano Davidson Kempner, com um desconto de 90%, uma das carteiras que mais controvérsia gerou foi a Nata II, que também tinha vários créditos de grandes devedores, como a Sogema (Moniz da Maia) e a Imosteps (Luís Filipe Vieira).