Entre janeiro e junho foram transacionados 556 milhões de euros em ativos imobiliários de rendimento

O confinamento no primeiro trimestre e a natureza dos ativos em venda impactam investimento em imobiliário comercial em Portugal no primeiro semestre de 2021.

Desde o início do ano e até junho de 2021 foram transacionados 556 milhões de euros, registando uma quebra de 69% face ao 1º semestre de 2020.  A Cushman & Wakefield apresentou os dados mais recentes relativos à atividade de investimento imobiliário comercial em Portugal. Este ano ficará marcado pelo forte impacto da pandemia no setor, com uma quebra no volume de investimento no primeiro semestre do ano na ordem dos 69%. O valor registado entre janeiro e junho mostrou-se muito inferior aos 1.812 milhões de euros transacionados no primeiro semestre de 2020. No entanto, o primeiro semestre do ano passado foi o melhor desde sempre em Portugal, motivado por duas grandes transações que influenciaram fortemente os números.

As estimativas para o volume de investimento no fecho de 2021 apontam para cerca de 2.150 milhões de euros em transações, valor que implica uma quebra face a 2020 na ordem dos 23%.

Paulo Sarmento, Partner e Diretor de Capital Markets da Cushman & Wakefield, refere que ”O interesse dos investidores estrangeiros no mercado português continua bem vivo. Os principais players do mercado não só reconhecem a boa resposta que o país teve face à pandemia, mas estão também pressionados pelos elevados níveis de liquidez que registam. No entanto este apetite dos investidores está mais polarizado, com uma forte preferência por ativos em localizações prime, com contratos bons e inquilinos sólidos. No que diz respeito a ativos mais periféricos, ou com um perfil de rendimento menos estabilizado, torna-se muito difícil compatibilizar as expectativas de preço de compradores e vendedores”.

O impacto dos negócios de grande dimensão no 1º semestre foi muito significativo, à semelhança de 2020. Os 2 maiores negócios da primeira metade do ano representaram 45% do volume total transacionado. Em causa estão um portefólio de ativos residenciais e o portefólio Navigator, maioritariamente de escritórios, que totalizaram cerca de 250 milhões de euros.

A alocação de capital pelos diferentes setores do imobiliário demonstra a aposta dos investidores no mercado de escritórios, que captou uma vez mais o maior volume de capital, 43% do total. Os setores alternativos afirmam-se cada vez mais junto dos investidores institucionais, e foram responsáveis por 32% do total investido. A fraca atratividade dos ativos de retalho ficou evidenciada pela segunda mais baixa alocação de capital da última década: apenas 15% do volume de investimento no 1º semestre de 2021 foi conduzido para ativos de retalho.

Paulo Sarmento salienta que “O interesse dos investidores internacionais está cada vez mais focado nas áreas de logística e de residencial de rendimento. Infelizmente não temos em Portugal muitos ativos nestas categorias, o que explica o baixo volume de investimento até à data. Por exemplo em Espanha, onde estas categorias estão amplamente representadas, o volume de investimento do primeiro semestre já foi semelhante ao do forte ano de 2019”.

Até ao final do ano, e graças à retoma gradual da economia favorecida pela melhoria da situação pandémica, espera-se que a quebra em Portugal face a 2020 seja substancialmente corrigida. Os negócios de grande dimensão também marcarão a sua presença na segunda metade do ano. De entre as várias operações atualmente em negociação, destaque para um portefólio de hotelaria cuja aquisição se espera até ao final de 2021.

Cumprindo-se todas as operações atualmente em curso, o mercado de hospitality será a classe com maior alocação de capital em 2021, na ordem dos 35%. Importa ainda assim reforçar o risco desta previsão, tendo em conta a sua enorme dependência de uma única operação envolta num grau elevado de complexidade.

As perspetivas para 2022 apontam para uma retoma da atividade de investimento para os níveis pré-pandémicos. O responsável acrescenta que “Hoje, somos capazes de identificar cerca de €800 milhões de negócios com elevada probabilidade de fecho em 2022. Tendo em conta esta nova realidade do mercado, em que os negócios off market se tornaram cada vez mais frequentes, é muito provável que em 2022 voltemos aos volumes de investimento próximos dos €3.000 milhões”.