“Vivemos mais uma vez um momento de incerteza, o que obriga a que as empresas procurem a melhor tecnologia para as ajudar” – Fernando Brito Barros, Country Manager Qualco Espanha, Portugal e Brasil

Fernando Brito Barros, Country Manager Qualco Espanha, Portugal e Brasil

As soluções tecnológicas são cada vez mais importantes no setor imobiliário e necessárias para quaisquer decisões e investimentos, onde o mercado de Non-Performing Loans não é excepção. Com uma visão mais tecnológica de como auxiliar os fornecedores de crédito e os credores a ultrapassar os problemas com que se confrontam, em qualquer um dos segmentos de setor, Fernando Brito Barros em entrevista ao Brainsre News Portugal, faz uma pequena análise sobre o cenário atual.

A QUALCO, onde é Country Manager em Espanha, Portugal e Brasil, é fornecedora de soluções Fintech no sector da Gestão de Crédito. Oferece uma gama de soluções de software empresarial orientadas para a análise em mais de 35 países em todo o mundo.  Mais especificamente, oferece soluções tecnológicas de ponta a ponta para NPL & Gestão de Créditos.

Nos dias de hoje podemos afirmar que estamos no topo da era digital com tecnologia de ponta. Em que medida a considera importante para o mercado imobiliário e necessária para tomadas de decisão?

Dizer que estamos no “topo da era digital” é um pouco exagerado, pois estamos sempre em evolução e procurando melhorar a tecnologia disponível.

Temos feito uma forte evolução nos últimos anos, a vários níveis, que gostaria de realçar. Desde o interface de utilizador (não nos podemos esquecer que de repente todos começaram a trabalhar remotamente), o que facilitou em muito a utilização das ferramentas disponíveis.

Pudemos tirar partido de ferramentas de Inteligência Artificial, o que trouxe uma ajuda às decisões importantes e facilitou a adopção de estratégias muito mais orientadas às necessidades dos clientes (preferimos chamá-los assim e não os designar de credores).

Complementamos as ferramentas tradicionais com portais de auto-negociação (sem limite de horários ou obrigar a falar com alguém que não conhecemos) mas que podem ter a qualquer momento o suporte de alguém para facilitar a sua utilização.

Tiramos proveito da evolução dos novos canais de comunicação e dessa forma aproveitamos o melhor do chamado conceito de omnicanalidade, em que disponibilizamos ao cliente o meio de comunicação que considera ser o melhor e mais simples de uso para si.

Pode dizer-se que trabalhamos nas diferentes dimensões para que o Cliente considere ter a melhor forma de comunicar e negociar com a entidade que lhe fez o crédito.

Os agentes têm hoje a sua vida facilitada não só pela simplicidade de uso das ferramentas, mas pela quantidade de informação que lhes é disponibilizada para poder responder de forma mais efetiva aos clientes.

Os responsáveis conseguem usufruir de relatórios mais ricos e de interpretação mais simples para tomarem as decisões, com uma base muito mais alargada e objetiva de informação.

Cada vez que apresentamos o nosso Ecosistema às Instituições de Crédito, sentimos que respondemos de forma objetiva a muitas das questões para as quais buscam solução, e o que é mais interessante é que os que tomam a decisão de o utilizar, melhoram substancialmente os seus resultados, além de darem uma resposta de acordo com a expectativa dos seus clientes.

Finalmente, e também não menos importante, são os momentos que temos vivido de mudança constante, desde a Covid, ao aumento das taxas de juros, etc. e à necessidade de que as ferramentas se adaptem facilmente a estas mudanças e às novas necessidades dos clientes.

Com experiência de fornecer ao mercado ecossistemas capazes de responder de forma efetiva à recuperação de crédito, como considera o mercado português de Non-Performing Loans?

Se olharmos para os rácios de Non Performing Loans apresentados pelas diferentes Instituições de Crédito, houve uma melhoria substancial dos mesmos.

Claro que houve uma venda muito importante a fundos ou entidades especializadas na aquisição e recuperação de créditos em situação difícil de recuperação.

Obviamente gostaríamos que esta evolução tivesse sido feita com base na utilização das ferramentas de tratamento de Non Performing Loans mais evoluídas e capazes de responder às necessidades de mercado, tal como o nosso Ecosistema tem conseguido não só em Portugal mas em diferentes mercados em que estamos presentes.

Todavia as entidades que têm feito a aquisição destas carteiras, perceberam o enorme potencial de utilizarem soluções muito melhor preparadas para responderem às necessidades atuais do mercado.

Sentimos que cada vez mais procuram tirar o melhor proveito de Ecosistemas como o que a Qualco propõe aos seus clientes, garantindo a melhor gestão de carteiras de Non Peforming Loans, conseguindo simultaneamente disponibilizar o serviço mais adequado à necessidade de cada um dos seus clientes e também permitindo atingir os níveis de rentabilidade que procuram.

Mas é evidente que ainda estamos num momento de transformação do mercado e o aumento das taxas de referência do Banco Central Europeu e consequentemente dos diferentes Bancos Centrais Nacionais, vai de novo trazer uma forte pressão às Instituições de Crédito.

De novo a necessidade de utilizar ferramentas bem preparadas para gerir estes momentos difíceis que já estão a acontecer, vai ser essencial para as Instituições de Crédito conseguirem manter os seus rácios de NPL´s ou pelo menos controlar a sua evolução.

Pessoalmente, continuo a acreditar que muitas Instituições de Crédito vão continuar a avaliar os sistemas de que dispõem para gerir as suas Npl´s e avançar para soluções melhor preparadas para os desafios a que vão ter de responder, pelo que parece de forma continuada.

Que alterações existiram desde o início da Covid-19 até ao cenário pós-pandémico que vivemos?

Vou essencialmente abordar os aspetos mais importantes do ponto de vista tecnológico.

A primeira e grande realidade foi a necessidade de se continuar a prestar o serviço de forma remota.

Aqui tivemos várias situações, as soluções que o permitiam com algumas restrições, aquelas que tinham uma arquitetura mais adequada a este tipo de serviço e as que não tinham qualquer viabilidade de serem usadas remotamente.

Apesar de tudo, o esforço feito pela maioria das empresas conseguiu pelo menos um nível mínimo de resposta, mesmo algumas tendo tomado a decisão de utilizar novas soluções tirando partido de conseguir colocar em Serviço funcionalidades básicas e assim evitar não poder fornecer qualquer serviço.

Aqui a resposta foi encontrar soluções designadas de MVP (Minimum Viable Product) que tivemos a oportunidade de disponibilizar ao mercado, para manter a prestação de serviço por parte das Instituições de Crédito sem rotura de suporte aos clientes.

Um outro problema foi a disponibilidade de acesso remoto com a banda necessário ao funcionamento aceitável das aplicações, sendo que em muitos dos casos as aplicações não estavam preparadas para tal.

Depois começamos com os problemas de segurança e apoio remoto que de repente colocou em ambiente aberto soluções preparadas para funcionarem em ambiente controlado.

Claro que adicionalmente tivemos todos os problemas de condições em trabalho remoto com toda a família a utilizar o mesmo ambiente.

Mas acho que apesar de tudo, todas estes problemas foram ultrapassados e conseguiu-se um nível razoável de prestação e continuidade de serviço.

E quando falamos de apoio remoto temos de ter em consideração não só o habitual apoio de supervisores e responsáveis aos agentes, mas também a formação num contexto totalmente diferente e em que foi necessário preparar de forma remota a nova forma de trabalhar e de gerir o relacionamento com os clientes.

Do nosso lado tivemos, enquanto fornecedores de tecnologia também, de nos adequarmos a esta nova forma de trabalho, não só em implantações novas, mas também em termos do suporte normal aos nossos clientes.

Assim, tivemos que fazer todo o trabalho de preparação e adequação das nossas prestações também de forma remota, o que felizmente conseguimos fazer com muito sucesso, e que acabou por ser reconhecido pelos nossos Clientes.

Acredito que hoje os nossos Clientes, bem como nós próprios, estamos muito melhor preparados para situações iguais às que vivemos.

Terminada este período, de repente entramos em nova fase de perturbação com a situação de um aumento de taxas de juros e o aumento da inflação, o que vem exigir novamente um novo esforço de apoio aos nossos clientes.

Com a incerteza de evolução dos mercados nos últimos anos, provocada pela pandemia e pelo conflito bélico existe uma maior adaptação e um diferente acompanhamento?

Sim, os nossos clientes e nós próprios estamos muito melhor preparados e atentos às necessidades do mercado de NPL´s.

Os nosso Clientes estão muito mais atentos e preparados para mudanças súbitas e inesperadas e nós também muito mais experientes para fazer face a novas necessidades dos nossos clientes, não só pela evolução do nosso Ecosistema em termos tecnológicos, bem como, pelo trabalho que tivemos de continuar a realizar e a preparação e experiência que tivemos de adquirir.

Sendo a QUALCO fornecedora de soluções Fintech, com uma visão mais tecnológica de como auxiliar os fornecedores de crédito e os credores a ultrapassar os problemas com que se confrontam, como se apresenta o mercado nos dias de hoje?

Infelizmente vivemos mais uma vez um momento de incerteza, o que obriga a que as empresas procurem a melhor tecnologia para as ajudar, bem como aos seus clientes a encontrar as melhores soluções para os problemas a que têm de dar resposta.

Temos também de ter bem claro que as pessoas também são essenciais e a tecnologia é sempre um meio e não um fim em si.

Tal como aconteceu durante a Pandemia, penso que ninguém tem a famosa bola de cristal para antecipar o que se vai passar.

Toda a gente se recorda de quando todos falávamos do famoso “tsunami” que iria acontecer quando as moratórias terminassem.

Tal não aconteceu e continuo a acreditar que a capacidade de resiliência das pessoas consegue ir sempre mais além do que esperamos.

Estamos a viver um momento de subida de taxas de juros o que é sempre um fator muito crítico para os clientes, mas mais uma vez acredito que a situação vai ser superada.

O importante é ter os recursos humanos de qualidade, ferramentas que os apoiem a desenvolver as melhores práticas e políticas de mitigação que sejam capazes de permitir aos clientes ultrapassar mais este momento difícil.

Como perspetiva o mercado português de Non-Performing Loans a longo prazo?

Como já disse anteriormente não tenho uma bola de cristal que me permita antecipar o que se vai passar. Existem de certeza pessoas muito melhor preparadas para o fazer e como o passado recente mostrou que a realidade tem sido diferente do que se perspetivava, prefiro deixar esta resposta para quem se sinta à vontade para responder.