As conclusões são resultado do mais recente estudo “Keep an Eye on the NPL&REO Markets”, produzido anualmente pela Prime Yield. A consultora pretende dar a conhecer o potencial de transação de crédito malparado nos países onde a empresa está ativa com serviços a este setor de mercado.
Segundo o relatório, o ano de 2022 poderá voltar a colocar a atividade de venda de carteiras de crédito malparado (NPL – Non-Performing Loans) em Portugal nos níveis pré-Covid, quando o padrão de transações se situava entre 6.500 e 8.000 milhões de euros.
A Prime Yield regista no 1º trimestre deste ano um pipeline de 1.000 milhões de euros entre carteiras de NPL já transacionadas, em negociação ou em oferta no mercado nacional. Entre janeiro e março de 2022, o volume de negócios identificados já perfazem o valor transacionado no total de 2020, indicando boas perspetivas para a atividade de investimento neste tipo de ativos em 2022.
De acordo com Francisco Virgolino, Head and Partner of NPL&REO Portugal da Prime Yield, “Apesar do malparado entre a Banca ter continuado a diminuir, a estratégia da maioria dos bancos portugueses continua a ser de redução do stock de crédito em incumprimento, havendo atualmente vários processos de venda em curso ou já anunciados, incluindo de instituições como o Bankinter, Santander, EuroBic ou o Millennium bcp. Além disso, é expetável o lançamento de novos processos de venda nos próximos meses por parte da CGD e do Montepio Geral”.
Francisco Virgolino destaca também o “elevado interesse dos investidores em NPL no mercado português”, salientando que 2022 poderá ser um ano marcado também pela entrada de novos players no mercado. “Existem ainda muitos portfólios de grande dimensão, sobretudo os que não têm colaterização, a surgir em oferta no mercado este ano, ao mesmo tempo que as carteiras de malparado que são colaterizadas terão um valor agregado mais baixo. Este tipo de diversificação de oferta vai atrair um leque mais vasto de perfis de investidores, incluindo os que têm tickets de investimento mais baixo”.
O responsável acrescenta que “Com a boa a dinâmica esperada do lado da oferta e a diversificação dos perfis de investidores ativos, não temos dúvida de que 2022 não só dará continuidade à tendência de recuperação das transações de NPL iniciada o ano passado, como reúne todas as condições para voltar a posicionar a atividade no ritmo pré-pandemia”.
A empresa estima que em 2021 tenham sido transacionadas carteiras de crédito malparado no valor de 3.000 a 3.500 milhões de euros em Portugal, triplicando a atividade residual de menos de 1.000 milhões de euros registada em 2020, ano em que este mercado paralisou quase por completo devido à pandemia.
Apesar não se antever escassez de carteiras de NPL para venda no mercado, o sistema financeiro nacional continuou a dar passos firmes na sua desalavancagem, reduzindo o montante de crédito malparado em quase 37% no último ano, avança a empresa em comunicado enviado ao Brainsre.news. No final de 2021, contabilizavam-se cerca de 7.700 milhões de euros de NPL entre os bancos nacionais, menos 4.500 milhões do que os 12.200 milhões registados no final de 2021. As famílias detêm 32% do crédito malparado contabilizado, 2.500 milhões de euros, dos quais cerca de metade alocado ao financiamento para compra de habitação, num total de 1.200 milhões. A maior parte do crédito malparado continua a estar entre as empresas, que concentram 64% do total contabilizado, equivalente a 4.900 milhões de euros. Destacam-se as PMEs, entre as empresas, as quais registavam 3.200 milhões de euros de malparado no final de 2021. Em qualquer um dos segmentos, a tendência foi também de forte redução do malparado face a 2020, com diminuições anuais de 31% no NPL entre as famílias e de 37% entre as empresas.
O volume de NPL em Portugal corresponde atualmente a 3,5% do montante de crédito contabilizado no sistema financeiro nacional. Denominado de rácio de NPL, este indicador tem vindo também a cair, recuando face ao rácio de 4,9% registado um ano antes. No entanto, Portugal apresenta ainda o quinto rácio de NPL mais elevado da Europa e superando a média da União Europeia, que no final de 2021 se situava em 2,0%.
Contabilizavam-se 393.100 milhões de euros, em termos de stock, em malparado na União Europeia no final do ano passado, dos quais 2% concentrados no sistema financeiro português.
A Prime Yield, é a empresa integrada no grupo de avaliação, engenharia e consultoria Gloval, presta serviços de consultoria e avaliação de ativos para apoiar os seus clientes na tomada de decisões. Criada em 2005 e parte da Gloval desde 2018, a Prime Yield está atualmente presente em Portugal, Espanha e Grécia, bem como nos principais países lusófonos, incluindo Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Angola.