Turismo: O filho pródigo de Portugal

Portugal é um país feito de História, histórias e lugares mágicos.

Este “jardim à beira mar plantado” tem muito para oferecer e no contexto de pandemia, sem confiança e segurança, este ano pode não haver turismo. A retoma depende das condições sanitárias, das restrições de viagens (que estão constantemente a serem alteradas) e neste momento, acima de tudo, pelos processos de vacinação, não só a nível local, mas a nível mundial. A questão sanitária é imperativa, os turistas só circulam se sentirem confiança nas condições que lhes são apresentadas.

Um povo resiliente e impulsionador que teve o seu auge com os descobrimentos portugueses nos séculos XV e XVI, em viagens e explorações marítimas que começaram com a conquista de Ceuta em África. Os portugueses, que deram um contributo essencial para delinear o mapa mundo, resultaram na expansão que passado séculos, desencadeou numa busca incessante pelo turismo estrangeiro com os olhos centrados em Portugal.

Se outrora foram os portugueses a descobrir o mundo, de há umas décadas para cá, é o mundo a descobrir Portugal. Nos dias de hoje, o clássico lema “ir para fora cá dentro” tornou-se o apogeu do turismo, com os residentes a procurarem as melhores soluções de oferta num país que tem tudo para dar e que cada vez mais é notório o propósito e motivação de valorizar o que é nosso, ajudando o país a reerguer-se.

O filho pródigo de Portugal é uma pequena história que ajuda a entender esta verdade complexa que nos foi imposta. Um dos mais velhos ditados populares, conta que depois de perder a sua fortuna (em que a palavra “pródigo” significa “desperdiçador, extravagante”), o filho volta para casa e arrepende-se. É com base no título deste artigo, e sabendo que o turismo tem um peso desmesurado na economia, não estamos perante um processo de arrependimento, mas sim de reinvenção. A oferta turística portuguesa encontrava-se em fase de diversificação e expansão. Vivíamos com este setor um momento de explosão, quando surgiu a pandemia no ano de 2020. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, a Covid-19 tirou 16,5 mil milhões ao turismo português em 2020. Esta queda de procura turística inclui não só estrangeiros, como portugueses e mostra os nocivos impactos da pandemia.

O ano de 2019 havia registado o maior número de visitantes externos da história do nosso país, fruto do estímulo das entidades públicas e do esforço dos empresários. No entanto, o turismo depende mais das estratégias privadas do que da intervenção do Estado.  Embora o panorama não seja o melhor, também começam a chegar notícias que dão algum ânimo sobre a reabertura de fronteiras para viagens turísticas. Com o começo da União Europeia no levantamento de restrições e com o passaporte de vacinação, urge pensar em estratégias para atrair ainda mais não só os estrangeiros, como os portugueses para este segmento de mercado.

As grandes tendências sugerem uma mudança significativa nas viagens, nas preocupações e motivações dos turistas. Se por um lado existe cada vez mais a preocupação com a família, para as deslocações neste seio estão cada vez mais a ser criados novos programas pelas unidades hoteleiras, pacotes que englobam atividades para toda a família, destacando sempre o fator segurança e os conselhos da DGS. Por outro lado, existem também os designados nómadas digitais e os espaços de coworking, que cada vez mais ganham preponderância neste setor, pois são eles que acabam por definir muitas vezes estes espaços para residir durante um tempo, enquanto trabalham e saem do imposto isolamento social.

Tudo isto trará naturalmente mais frutos com a aposta no digital, que tem vingado em todos os setores da economia, mas que agora surge como uma caraterística indispensável no setor. A concorrência dentro e fora do país é forte, por isso as campanhas e a presença digital são tão importantes na procura por novos turistas, é necessário assegurar todos os requisitos e condições para competir no meio digital, deverá existir uma presença eficiente do setor neste âmbito. É assim necessária uma reinvenção das unidades hoteleiras e empresas de turismo, adaptando-os à nova realidade existente e que se espera ser monopolizadora de todos os setores de mercado.

Vale a pena lembrar, que apesar do turismo ser um, senão o principal setor mais flagelado pela pandemia, é também aquele onde se têm visto os maiores investimentos e as maiores transações dos últimos tempos, sinal de que é também aquele se pode reerguer mais cedo, fruto da avidez e ânsia que todos criámos pela liberdade de sair de casa, de passear e viajar. E quem melhor que Portugal para desafiar esse sentimento de clausura? Um país com um clima ameno, paisagem diversificada, desde as praias às planícies alentejanas, à gastronomia, às tradições e monumentos nacionais. Em cada recanto do país existe uma cultura pronta a ser descoberta com este filho pródigo a renascer, tal qual Fénix, das cinzas.