“Todos os nossos clientes são especiais“ – Nuno Pombal, Project and development services do departamento de Business Development Services da Aura Ree Portugal e Espanha

Nuno Pombal, Project and development services do departamento de  Business Development Services da Aura Ree Portugal e Espanha

Há pouco mais de um ano, a Aura Ree decidiu criar um novo  departamento de  Business Development Services. A liderar o departamento está Nuno Pombal, que numa entrevista ao Brainsre News Portugal explicou um pouco quais os principais objetivos e desafios desta nova área de negócio da empresa.

Entre a diferenciação que pretende trazer para o mercado, entre os sectores mais dinâmicos e os mais desafiantes, Nuno Pombal com formação e experiência na área da arquitetura de interiores e construção, conta-nos como está a ser este desafio com contato permanente entre investidores e proprietários e levanta-nos um pouco o véu de alguns dos projetos mais interessantes em que está a trabalhar.

Há cerca de um ano decidiu lançar este novo departamento de Business Development Services da Aura Ree Portugal e Espanha. Que saldo faz deste ano?

A Aura REE nasceu e cresceu, tornando-se líder de mercado incontestável na Península Ibérica, no advisory a transações de carteiras de NPL e REO’s. Com o conhecimento profundo do mercado, alguns dos nossos clientes desafiaram-nos para os podermos apoiar na procura de oportunidades de negócio off market. Não queríamos competir com mediadores ou empresas internacionais que já têm departamentos integrados. Vimos uma oportunidade de fazer diferente. De trazer uma lufada de ar fresco ao mercado criando uma solução fato à medida e personalizada. Não ter equipas gigantescas que acabam por perder o foco, mas sim dedicar a maior das atenções e esforço na procura das soluções adequadas para os nossos clientes. O propósito deste departamento não é apenas de fazer negócios de compra, venda ou arrendamento de imóveis, acompanhamento de obras de adaptação ou construção ou até apoio na gestão futura, é muito mais que isso: os nossos clientes sentirem-se especiais e que efetivamente há alguém que dedica tempo a escutá-los. Temos uma visão global do mercado e estamos a acompanhar as tendências da procura atual. A expressão serviço 360 º não é nova do mercado nem estamos a inventar a roda, apenas desconstruímos a essência de algo que sempre fez sentido, mas que vimos ter resultados pouco práticos nos últimos anos.

O que levou a Aura a apostar neste departamento e que diferenciação pretendem trazer para o mercado?

A nossa missão diz tudo sobre a nossa diferenciação: Todos os nossos clientes são especiais” e sabem que efetivamente dedicamos o nosso tempo a tentar encontrar as melhores soluções para o que pretendem. Aqui ajuda bastante a minha experiência de arquiteto de interiores pois permite-me analisar algumas operações de um ponto de vista que um mediador não consegue. Todas as operações em que trabalhamos têm o contributo da equipa de advisory, medindo a rentabilidade dos projetos e mais do que entender se os valores pedidos possam estar inflacionados ou não, pensar em soluções que possam efetivamente criar mais valias e desbloquear o negócio. Quando cruzamos o lado comercial com a análise técnica, já que acompanhamos todos o processo de due diligence técnica e urbanística aos imóveis, a solução caminha para o sucesso. Claro que fazer as coisas bem e integradas leva o seu tempo. Contudo no final do dia a sensação de concretização é francamente boa.

No seu contacto diário com investidores e proprietários, quais os sectores mais dinâmicos e quais os mais desafiantes?

Não é novo aquilo que vou dizer. Neste momento os sectores logístico e hoteleiro estão francamente dinâmicos existindo uma forte procura e uma oferta de qualidade bastante reduzida ou limitada. Isto tem levado a um crescimento contínuo dos valores pedidos nestes sectores. Tentando sair desta euforia do mercado estou a trabalhar imóveis que efetivamente possam trazer algo de novo para os investidores e pensar em soluções de investimento de longo prazo.

Do ponto de vista dos desafios os principais têm vindo dos imóveis rurais. Tenho um grupo de investidores que se especializou em imóveis agrícolas com dimensão. O desafio não está só em encontrar esses imóveis, está essencialmente na análise das culturas preferenciais, e terem associados, ou passiveis de ter associados, particulares ou entidades que possam garantir a sua exploração agrícola. Estes meus investidores não pretendem explorar as propriedades agrícolas, mas sim garantir um rendimento a ser pago por quem explora. Apesar do desafio, tem sido fantástico desbravar o mercado das propriedades agrícolas num ponto de vista até recentemente com pouco track record no mercado.

Sendo um departamento que pretende prestar um serviço de 360 º, pode detalhar um pouco o projeto mais “sui generis” em que esteve envolvido e quais os desafios que encontrou?

Estou envolvido num projeto muito interessante. Temos um investidor norte-americano, piloto de aviões que pretendia encontrar uma propriedade em Portugal, o país onde quer terminar os seus dias, para criar uma estrutura similar às que já existem em vários locais nos Estados Unidos:  um aldeamento para pilotos. Em Portugal não é fácil, porque não existem muitas propriedades privadas que possam estar à venda com uma pista de aterragem e com dimensão suficientemente grande que permitisse a construção de unidades habitacionais de qualidade que permitam albergar os pilotos que utilizariam a pista, criando uma espécie de aldeamento em forma de clube privado.

Este está a ser um desafio enorme, implicando visitas à autarquia, consultas à ANAC e ao Aeroporto de Beja, devido às licenças da pista. Existiram neste processo, uma série de questões interessantes, num mundo que eu desconhecia. O nosso envolvimento irá até á fase de concretização do potencial projeto de construção das unidades habitacionais. Controlar o desenvolvimento de um projeto inovador em Portugal e poder dar-lhe igualmente um cunho pessoal é muito gratificante.

De que forma a sua formação e experiência na área da arquitetura e construção tem sido útil na estruturação de soluções integradas aos clientes? A organização e ocupação dos espaços e consequente rentabilização dos investimentos mudou nesta era do “Covid”?

O meu contributo é efetivamente dar apoio na concretização de alguns negócios em termos de ocupação de espaço, rentabilizando e viabilizando cada m2. Dando o exemplo de um negócio que estamos a trabalhar, um espaço de escritórios, em que o cliente pretende saber como sugerimos seccionar o espaço de forma a rentabilizá-lo e torna-lo num espaço dinâmico de co-working e acima de tudo flexível. O meu contributo passa por criar soluções técnicas com vista a viabilizar a estratégia definida. Em termos de habitação e hotelaria tenho trazido também o meu conceito de espaço para os negócios que trabalho, ajudando o cliente a encontrar as melhores soluções que o permitam ser mais agressivo nas ofertas de compra que pode vir a fazer.

Pode partilhar um pouco que tipo de projetos tem hoje em cima da sua mesa? Se eu fosse investidor onde me recomendaria colocar o meu dinheiro?

Os sectores de turismo e logística que já comentei continuam a ser boas opções de investimento desde que enquadrados por soluções flexíveis e sofisticadas. Todavia se hoje tivesse de investir o meu dinheiro colocaria em projetos ligados à saúde e residências seniores e/ou de cuidados continuados. Pelas características do país este é um dos sectores com bastante futuro e em que as rentabilidades podem ser muito interessantes. O interesse de players internacionais neste sector em Portugal tem vindo a crescer bastante, quer do ponto de vista da gestão quer do ponto de vista de investimento.

Em cima da minha mesa confesso que tenho projetos muito especiais. A carteira de imoveis agrícolas que já referi é algo que estou a acarinhar bastante pelo desafio. Mas se tivesse de destacar um projeto, para além do relacionado com a aviação que já mencionei, seria um terreno para um projeto residencial sustentável e 100% integrado no ambiente que o rodeia. Neste projeto estou do lado do vendedor e a tentar encontrar um investidor que valorize três aspetos absolutamente importantes: localização, qualidade e sustentabilidade. Nestes três pilares vamos ter o futuro do imobiliário em Portugal e estar envolvido num dos primeiros projetos nesta área está a ser uma experiência de vida.

Estamos hoje num momento chave para a transição energética. Quais as maiores preocupações ao analisar ativos e apresentar propostas aos investidores? A Sustentabilidade já é uma realidade no nosso mercado?

O mercado começa gradualmente a mudar. A necessidade de retorno e a dificuldade de gerir os custos de promoção elevados com soluções ecologicamente mais eficientes tem sido um desafio importante para os investidores e promotores. Pensar em sustentabilidade e em concreto em políticas de ESG, que é uma obrigatoriedade do mercado financeiro e que se está a expandir para o segmento empresarial, começa a integrar a check list de muitos investidores. É ainda um longo caminho, mas temos de pensar no futuro, no futuro dos nossos filhos e das futuras gerações. Criar um ambiente sustentável não passa apenas por focar no tema ambiental, passa e muito pelos temas sociais e de integração e onde o imobiliário tem uma forte palavra a dizer.