“Temos uma visão de futuro otimista e em simultâneo realista” – Luís Mexia Alves, CEO Discovery Hotel Management

Luís Mexia Alves, CEO Discovery Hotel Management

Luís Mexia Alves assumiu há dois anos a liderança do DHM – Discovery Hotel Management, lançando em maio de 2022 a nova marca do grupo que integra e gere as oito unidades hoteleiras detidas pelo Discovery Portugal Fund em Portugal, designada por Octant Hotels.

Em entrevista ao Brainsre News Portugal, Luís Mexia Alves, com cerca de 17 anos de experiência no setor hoteleiro, fala-nos um pouco sobre o lançamento da insígnia e sobre os projetos que o Discovery Hotel Management tem para o futuro.

O lançamento da marca Octant Hotels agrupa 8 unidades do portefólio do grupo. Quais os objetivos da criação da nova insígnia?

A criação da nova insígnia é fruto de um repensar da hotelaria, para acrescentar valor às dormidas e oferecer uma verdadeira experiência. São hotéis diferentes entre si, regenerados de forma a manter a sua singularidade, com uma forte ligação à cultura, à natureza, à gastronomia, e claro, às pessoas, na região onde estão inseridos. É uma experiência de hospitality local, não massificada, não reproduzível, ou escalável, mas sim genuína e espontânea – criando espaço para o improviso, e honesta no seu serviço.

É uma marca que disponibiliza escolhas, e não “cópias” de hotéis curados individualmente, e que por isso, proporcionam um ambiente informal e sincero. É sobretudo uma marca que acredita que na adversidade se encontra a riqueza, a autenticidade.

O principal objetivo da Octant Hotels é afirmar o grupo num segmento luxury e revitalizar a ligação dos seus clientes, através das diversas unidades hoteleiras, aos locais onde estas inserem, proporcionando experiências autênticas e singulares. Este foi, e continua a ser o nosso grande objetivo para o futuro.

Qual o impacto que a nova marca tem no grupo e no segmento hoteleiro?

Lançar a marca Octant Hotels foi uma importante etapa para a empresa, assente na visão de longo prazo da Discovery Hotel Management – a melhoria constante dos ativos que integram o nosso portfólio.

Com a nova marca, temos investido, em simultâneo, nas várias frentes que integram o ecossistema de um hotel, desde o upgrade de hardware, passando, inevitavelmente, pelos quartos, espaços comuns, áreas de wellness, entre outras, mas sobretudo no nosso produto e serviço, com mais e melhores recursos humanos, numa lógica de formação permanente.

 Queremos ser reconhecidos pela qualidade muito elevada da experiência (holística), como “fazedores das melhores memórias” de estadia, e não apenas de hotelaria.

Posso adiantar que, temos em mãos um plano de divulgação bastante ambicioso, da Octant Hotels, com lançamentos em Portugal, no Brasil, Espanha e Reino Unido, até ao final do primeiro semestre de 2023.

Em 2021 assumiu a liderança do Grupo DHM e as expetativas eram de um recorde de vendas para 2022. Que balanço faz do ano transato?

Em traços gerais, o balanço de faturação dos ativos que gerimos na Discovery Hotel Management, no ano de 2022, foi muito positivo. A título de exemplo, podemos mencionar que existiu um aumento de aproximadamente 89% (550k vs 292k) quanto ao número de hóspedes em todas as unidades do portfólio da DHM, e tivemos um acréscimo de 103% nas receitas face a período homólogo de 2021. Fechámos o ano de 2022 com uma faturação de aproximadamente 65.7M€, fruto dos investimentos que temos realizado nos nossos ativos.

Como foi abraçar o novo cargo durante a crise pandémica e quais os principais desafios dos últimos 3 anos?

Abraçar este novo cargo trouxe alguns desafios, todos eles estimulantes, mas existiram alguns que não posso deixar de destacar. O primeiro estímulo foram, e são, as Pessoas, com a reorganização da equipa de gestão executiva de topo, numa fase durante e pós pandemia, em que necessitámos de recrutar talento, voltar a reunir e sintonizar as equipas que se encontram de norte a sul do pais, após quase dois anos em ausência física parcial ou total, o que conseguimos alcançar com um movimento de energia positiva, otimista, ambicioso e com grande foco nas prioridades; houve também a necessidade de potenciar o recrutamento e retenção, tendo em conta a forte instabilidade então vivida, pois ao nível de ocupação das nossas unidades hoteleiras,  passámos “dos oito aos oitenta” em apenas poucos dias.

Também a Cultura da Discovery Hotel Management foi alvo de reflexão durante a crise pandémica, repensámos o caminho cultural de hábitos e processos do negócio – Onde estamos? O que fazemos bem? Onde queremos mudar? O que podemos melhorar? E a derradeira questão – O que nem sequer fazemos e deveríamos fazer?. A análise e resposta a estas questões foi redefinindo os valores da DHM, que nos orientam em momentos de incerteza com os que vivíamos.

Perceber que oportunidades de negócio podem ser antecipadas e ativadas, mesmo com risco, com um crescimento forte e súbito (que canais, nacionalidades, segmentos, entre outras variáveis), e em paralelo passar a gerir, mantendo a mesma agilidade, num mundo que agora se encontra com custos inflacionados em matérias primas e energias, foi, e continua a ser um enorme desafio.

Vivendo este segmento um período de recuperação, que projetos tem o Discovery Hotel Management pensados para o futuro?

Acabámos de abrir – e ainda estamos em soft opening, o novo Crowne Plaza Caparica Lisbon, o antigo hotel Aldeia dos Capuchos, que tem um posicionamento de “urban wellness”, ou seja, uma forte componente nos segmentos de lazer e bem-estar, com um ginásio de topo, uma piscina exterior aquecida de 18 metros e uma piscina interior de 25 metros, e ainda um SPA (que irá abrir brevemente. Este lançamento permite-nos ter uma oferta “full-service” e orientada para os novos “business travelers”, um segmento bastante relevante no nosso mercado. Tudo isto a apenas 15 minutos de Lisboa.

Podemos ainda referir que estamos a dar continuidade ao nosso plano de crescimento e regeneração dos nossos ativos, prosseguindo com alguns projetos de relevo, como o Montado Hotel & Golf Resort, e prevemos avançar com algumas expansões dentro dos Octant Hotels, como é o caso do Octant Praia Verde e do Octant Vilamonte.

Mas o mais importante, é sem dúvida, continuar a investir na diferenciação e criação de valor para os nossos ativos. No futuro, queremos continuar a ser um dos maiores grupos de hotelaria em Portugal e um importante dinamizador do turismo local no país, trazendo eficiência e performance a todas as unidades que gerimos.

Que previsões faz e como considera o futuro da indústria hoteleira em Portugal?

Na DHM, ao longo dos 10 anos que existimos em Portugal, temos recuperado alguns ativos, sua grande maioria ativos em dificuldade financeira, e numa grande diversidade paisagística e arquitetónica. Hoje chegamos a um ponto em que todas estas unidades estão operacionais, com níveis sofisticados de serviço e perfeitamente integradas na operação conjunta da DHM, empregando 1300 pessoas no seu conjunto. Este é um motivo de enorme orgulho para nós, bem como as distinções que temos obtido no setor, tanto a nível nacional como internacional, com três unidades do grupo DHM e uma outra unidade do Fundo Discovery, a integrar o exclusivo portfólio de parceiros de viagens de luxo da Virtuoso.

Temos uma visão de futuro otimista e em simultâneo realista, com diferentes velocidades, de acordo com o género de ativos do nosso portfólio, assumindo um crescimento mais agressivo em ativos que estão em fase de consolidação ou com um posicionamento premium, e mais moderado no segmento de Resorts e City Hotels. Queremos continuar a crescer com uma postura orçamental de elevada flexibilidade, assente em planos de contingência pré-definidos e com ativação imediata, caso se confirme um cenário de contração económica.