Setor de escritórios ultrapassa valor histórico de absorção

O mercado imobiliário de rendimento conseguiu recuperar o dinamismo que se verificava pré-pandemia.

De acordo com o balanço divulgado pela CBRE, o investimento em imobiliário de rendimento superou os três mil milhões de euros em 2022, com o setor de escritórios a evidenciar-se no que toca à ocupação, com 330 mil m2 entre Lisboa e Porto.

No que toca à ocupação, em Lisboa, a atividade do segmento de escritórios contribuiu para a ocupação de cerca de 270 mil m2 em espaços de escritórios. Já no Porto, o desempenho foi de forma semelhante muito positivo, com a absorção de escritórios a passar os 60 mil m2 (patamar de 2019), ficando no Top 3 dos anos que registaram a maior ocupação de sempre.

Em relação ao setor da logística, sem descartar a elevada procura e dinâmica interessante, foi condicionado pela falta de produto de arrendamento, ficando assim a oferta limitada à procura latente. Face a esta condicionante, o valor de absorção será menor do que o observado em 2021, prevendo-se que seja perto dos 300 mil m2.

No que diz respeito ao investimento, foi observado um elevado volume no segundo semestre, sobretudo no final do ano, fruto da transação de um portefólio maioritariamente composto por hotéis. Aquele que será o terceiro melhor ano de sempre em termos de volume de investimento em imobiliário, em Portugal, apresenta um montante superior a 3 mil milhões de euros, um nível apenas verificado antes da pandemia.

Outro setor que se evidenciou em 2022 foi o logístico, que registou cerca de 700 milhões de euros alocados a este segmento de ativos de rendimento, que duplicou o antigo valor máximo (2017). O setor de hotéis, muito devido à transação referida anteriormente, também superou o antigo valor máximo observado em 2019, alcançando cerca de mil milhões de euros de investimento, o que se traduz aproximadamente em um terço do volume total transacionado no país.

Para além das linhas mais tradicionais de negócio, a consultora tem apostado na diversificação, tendo desenvolvido áreas como Agribusiness, dedicada à avaliação e transação de ativos agrícolas , e apostou em áreas como Capital Advisors, procedendo ao apoio a clientes em operações de financiamento e M&A, no decorrer do ano, especificamente no processo de Debt Advisory para o novo Hilton Hotel & Residences Cascais.

Segundo Francisco Horta e Costa, Diretor-Geral da CBRE Portugal, “Verificámos um elevado interesse nas operações que lançámos em 2022 e sentimos que os fundamentos do nosso mercado permanecem sólidos. A atividade imobiliária manteve-se muito dinâmica e registaram-se alguns dos negócios mais significativos alguma vez concretizados em Portugal, nomeadamente a primeira transação de uma plataforma de co-living e student housing com a venda da Smart Studios à Round Hill Capital e a maior transação de imobiliário agrícola de sempre no país, tendo ambas as operações sido assessoradas pela CBRE”.

O responsável acrescenta “várias linhas de negócio registaram crescimentos acentuados, como a nossa área dedicada à promoção imobiliária, onde assessorámos, por exemplo, a venda do emblemático CascaisVilla, numa operação que promete dar uma nova vida à vila de Cascais. A nossa área de investimento também se destacou e participou nas mais relevantes operações do setor, como a venda de um portefólio de 20 naves logísticas à Blackstone”.

Face a 2023, Francisco Horta e Costa antevê que “o mercado atravessará um período de maior instabilidade, principalmente devido à subida dos juros que já se reflete nos preços de venda, transversalmente a todos os setores. Em virtude dos juros mais altos, o financiamento fica mais caro e os preços tenderão a ajustar em baixa. Esta situação poderá impactar também alguns promotores imobiliários com excesso de dívida em terrenos, podendo vir a acelerar a venda dos mesmos. Nos imóveis de rendimento, as ‘yields’ já estão a ser corrigidas em alta e é possível que ainda sofram um ligeiro aumento adicional se a tendência de subida dos juros se mantiver. Por outro lado, é possível que haja uma subida das rendas prime de escritórios e logística, devido à escassez de produto e também tendo em conta a localização e diferenciação de alguns projetos”.