Resumo Dezembro

Num 2020 assinalado quase na sua totalidade por uma dinâmica transversal à crise pandémica, as transações imobiliárias continuaram em alta no mês de dezembro, consolidando assim o percurso de estabilidade verificado no mercado imobiliário desde março.

Os Vistos Gold ou Golden Visa como também são chamados, sofreram uma revisão do regime aprovada em Conselho de Ministros pelo Governo. Esta medida vai colocar um travão nos investimentos imobiliários através dos Vistos Gold nas regiões mais procuradas do país, como a Grande Lisboa e o Grande Porto. O objetivo do executivo é direcionar mais investimento para o interior do país, em territórios de baixa densidade.

O mês de dezembro foi também marcado pelo Orçamento de Estado para 2021, aprovado no mês anterior e que prevê alterações impactantes no setor imobiliário. O mercado teme pelo afastamento de investimento estrangeiro no país, bem como um aumento da carga fiscal num sector que apresenta poucos incentivos na consequência do COVID -19. De relembrar o papel que foi fundamental que o mercado imobiliário representou nos últimos anos, em Portugal, em que a área do investimento nacional e acima de tudo internacional contribuíram de forma positiva para a recuperação económica do país.

Já no final do mês de dezembro o mercado de carteiras de malparado mostrou-se animado com o fecho da venda das carteiras Ellis e Webb do BCP e Carter do Novo Banco. O Projeto Ellis tinha o valor de 300 milhões de euros, mas o valor da carteira reduziu-se para cerca de 170 milhões de euros. O Projeto Webb é uma carteira mais granular, cujo valor inicial era de 450 milhões de euros, também deverá ter sido ajustado para metade. Ainda não existe data prevista para o fecho de ambas as operações. O Novo Banco confirmou a venda por 37 milhões de euros de uma carteira de crédito malparado com um valor bruto de 79 milhões de euros, designada por Projeto Carter.

Escritórios e Serviços

No segmento de escritórios o mercado também tem enviado sinais animadores. A este nível foi anunciado pela Foz Vintage um investimento de €120 milhões no projeto World Trade Center, um complexo de negócios localizado em Carnaxide, com a conclusão do projeto prevista para o primeiro trimestre de 2022.

Um outro sector que tem despertado a atenção dos investidores tem sido o das Residências de Estudantes. Numa estratégia de consolidação da sua presença em Portugal, a Temprano Capital Partners anunciou o investimento de 40 milhões de euros num edifício de residências premium para estudantes e professores que irá receber os primeiros inquilinos já em 2021, o Livensa Living Lisboa – Cidade Universitária.

Habitação

Com o anuncio de dois projetos em fase de desenvolvimento em Lisboa, de habitação, chega ao mercado imobiliário o primeiro de grupo de origem indiana, o grupo Sugee. Nos próximos anos, o grupo que chegou em março de 2019 ao mercado nacional, pretende investir 150 milhões de euros no setor imobiliário português, anunciou no mês de dezembro.

Em Lisboa vai nascer também um novo empreendimento de habitação de luxo, sendo que o projeto está localizado num edifício de escritórios que pertencia à Caixa Geral de Depósitos O empreendimento designado por Linea Residences terá preços entre os €600 mil e os €3 milhões.

A Zetland Capital investe 10 milhões de euros em empreendimento junto ao Parque das Nações, o Real Forte III, um condomínio fechado, inserido nos terrenos da antiga Fábrica de Louças de Sacavém.

Numa estratégia de descentralização e enfoque na classe média portuguesa, as empresas Estrutural Group e Rio Capital investem 14 milhões de euros no maior empreendimento a localizar em Vila Franca de Xira.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço da habitação continua a registar aumentos, tendo-se verificado um aumento de 7,1% no terceiro trimestre de 2020.

O setor imobiliário resistiu à crise pandémica no mercado de compra e venda, mas não deixou de sofrer um impacto. A principal alteração é registada no mercado de arrendamento e é principalmente motivada pela crise no turismo, fazendo crescer 45% a oferta de habitação para arrendamento.

Programas Públicos para o Imobiliário

O Governo planeia avançar com investimento na habitação sem ter sido ainda criado o Programa Nacional de Habitação que deverá ser apresentado só no próximo ano. Enquanto isso não acontece, o governo dinamiza o programa “1º Direito”, um dos instrumentos que deverá ser reforçado através do investimento do Plano de Recuperação e Resiliência.

O primeiro acordo do programa 1º Direito celebrado fora de Portugal Continental, foi celebrado pela Câmara Municipal do Funchal, o investimento é de 28 milhões de euros para os próximos 4 anos na criação de quatro novos bairros sociais, e na aquisição de 5 imóveis a reabilitar no centro da cidade.

Também em Coimbra serão apoiadas 600 famílias no âmbito deste programa, com investimentos de 33 milhões para suprir necessidades habitacionais. O investimento será aplicado na promoção da reabilitação urbana do centro da cidade e na criação de nova oferta de habitação para arrendamento, através da construção e reabilitação de imóveis.

Turismo

Mesmo numa altura atípica para o turismo, os investimentos não param de aumentar. Prova disso é o Ombria Resort, o novo resort de luxo no Algarve a inaugurar em 2022. O Grupo Pontos prevê investir um total de 260 milhões de euros no Ombria Resort, ao longo de 3 fases até 2030, quando concluídas, o resort será composto por 380 propriedades.

A empresa de capitais luso-franceses OCRAM Hotel Management investiu cerca de 7,2 milhões de euros no novo “Grande Hotel do Peso”, situado na localidade termal do Peso, a pouca distância de Melgaço. O investimento conta com o financiamento do Turismo de Portugal de forma a promover a reabilitação desta antiga unidade hoteleira.

Em Cascais vai nascer um novo hotel, pelas mãos da promotora imobiliária chinesa Reformosa. O investimento do Hotel Cascais Curio Collection by Hilton é de 4,6 milhões de euros e a inauguração está prevista para 2021.

O Turismo de Portugal avança com concurso público para a elaboração do projeto de arquitetura e especialidades da mega-obra que vai ser construída no Estoril, junto à Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. O projeto integra várias valências e representa um investimento de 24 M€ (dos quais 40% são assumidos por privados).

No saldo do ano, em 2020 abriram 89 hotéis em Portugal, um forte aumento em relação ao ano anterior, com apenas 57 unidades hoteleiras a abrir portas. A partir de 2021, a tendência vai inverter-se devido à crise pandémica e a construção de novas unidades será adiada. De acordo com um estudo, o setor hoteleiro ficou extremamente afetado e neste momento estão mais de 160 hotéis para venda no país. Mesmo assim, Portugal mantém-se ainda como um dos destinos europeus mais atrativos para investir na hotelaria.

Ação Social Aura REE

No último mês do ano, a Aura Ree Portugal, uniu-se ao projeto Aconchegar com a doação de camas hospitalares articuladas. Sensível à pandemia da COVID-19 e às particulares necessidades e carências existentes, a empresa juntou-se à iniciativa Aconchegar que tem como objetivo aumentar o número de camas disponíveis em estruturas de apoio e Hospitais nacionais. O projeto nasceu assim como resposta a uma necessidade de levar conforto a todos os que mais precisam, numa altura em que a pandemia mostrou as fragilidades como a falta de camas, nos hospitais e nas estruturas de retaguarda.

A Aura Ree Portugal não ficou alheia a esta iniciativa solidária e considera de extrema importância dar o seu contributo para o bem-estar de todos e de um futuro melhor na área da saúde.