Principais tendências no mercado imobiliário no pós-pandemia

Não existem ainda razões para acreditar que a pandemia já acabou, mas dependendo da evolução da vacinação e das variantes da Covid-19 podemos começar a ver uma ligeira luz ao fundo do túnel.

Como é do conhecimento geral, o vírus não trouxe somente problemas de saúde pública, mas destabilizou a economia mundial e proporcionou muitas mudanças em diversos setores de mercado. A vida de todos nós começa a encontrar uma nova normalidade e a economia dá sinal de alguma melhoria.

O mercado imobiliário não é excepção, embora se tenha mantido resiliente até à data, muitos foram os segmentos que sofreram alterações e na sua generalidade trouxeram também uma nova dinâmica de mercado. Depois de uma das maiores crises mundiais, não se consegue fazer uma acertada futurologia, no entanto já é possível ter em mente algumas previsões, de acordo com as últimas análises e dados estatísticos.

Se por um lado continuamos a encontrar valores muito desajustados, face à realidade económica do país, sabemos também de antemão que Portugal continua a ser um destino muito procurado que atrai investidores estrangeiros, guiados pelo incessante desejo de apostar num país com caraterísticas tão atraentes e em que muito beneficiam o turismo e o investimento internacional.

Já começámos a assistir, principalmente no segundo semestre do ano passado, a uma enorme volatilidade entre a procura por imóveis nos grandes centros urbanos e um fenómeno totalmente inverso, em que os compradores ou arrendatários procuram habitações nas zonas periféricas, podendo assim não só aliviar os valores de investimento, mas contar com espaços interiores e exteriores bem mais amplos que podem de certa forma trazer mais qualidade de vida. É mais do que certo que quando alteramos as nossas rotinas, pensamos também em alterar as preferências em relação à localização das nossas habitações.

Tal como a escolha do imóvel pode ser distinta, o mesmo vai acontecer com os projetos de construção no futuro. Os arquitetos estão agora com uma nova tarefa em mãos, pois a procura por espaços exteriores, varandas e espaços para escritório, está a aumentar a olhos vistos. Isto justifica o aumento na procura por resorts que ganha cada vez mais expressão, pelos fatores mencionados. A pandemia gerou um efeito sobre a relação com a habitação, o isolamento social e ter que ficar mais tempo dentro de casa, muitas vezes trabalhando à distância, abriu espaço para começarmos a valorizar diferentes atributos, que antes podiam ter menor importância.

Esse mesmo isolamento social, que acentuou a aspiração à procura de diferentes habitações, também fez com que o setor precisasse de se digitalizar, algo que já estava a acontecer, mas que potenciou o crescimento deste processo. Os anúncios nas mais variadas plataformas ganharam importância, bem como as descrições mais completas e fotos de qualidade. Consequentemente, a oferta ao consumidor é desde o início do processo uma vantagem para as suas tomadas de decisão. A digitalização do mercado imobiliário é, desta forma, um caminho sem retorno.

A situação atual está a potencializar a emergência de novos modelos de trabalho, o chamado “home office” e o escritório tradicional desempenham novos papéis neste formato híbrido, aumentando a procura por novos investimentos em escritórios, quer na sua compra, quer na sua construção. Este é o momento de repensar a cidade e instituir modelos alternativos, focados no bem-estar dos utilizadores e muitos deles desenhados sob as práticas mais avançadas de sustentabilidade, digitalização e mobilidade.

A sustentabilidade é um tema que ganhou cada vez mais atenção nos últimos anos e deve ser ainda mais valorizada dentro do mercado imobiliário no futuro. O aumento de projetos sustentáveis que utilizem energias limpas e renováveis, é outra tendência que já ganhava força nos últimos anos, e que se vê cada vez mais promissora. As construções sustentáveis tornam-se cada vez mais prioritárias em profissões como os engenheiros, arquitetos e designers, com o intuito de contribuírem para para a preservação do meio ambiente, mas sem deixar de lado a parte estética e funcional.