De acordo com os dados apurados pela Confidencial Imobiliário no âmbito do Índice de Preços Residenciais, os preços de venda das habitações em Portugal aumentaram 4,3% no 1º trimestre face ao trimestre anterior.
No mesmo período, a Confidencial Imobiliário projeto ainda a venda 35.500 imóveis no país, um nível que, apesar de exibir pouca diferença face às 36.600 transações do 4º trimestre de 2022 (-3%), assinala o terceiro trimestre consecutivo com quebra de atividade.
Esta intensificação dos preços num contexto de perda de dinâmica das vendas, já era antecipada pelos operadores de mercado, conforme se pode comprovar com base nos inquéritos de confiança realizados junto dos promotores e investidores. Por um lado, reflete o problema estrutural de falta de oferta, que poderá vir a agravar-se devido à perda de confiança dos operadores em resultado do pacote governamental para habitação. Por outro lado, regista-se também um forte aumento dos custos de construção na habitação (+23% em 2022), o que tende a impactar no preço final das habitações.
Desde o 2º trimestre de 2022, as subidas trimestrais tinham uma trajetória de desaceleração, num processo que foi bastante evidente na segunda metade do ano. Desta forma, as variações em cadeia passaram de patamares de 5,0% nos dois primeiros trimestres de 2022 para níveis de 3,0% nos últimos dois trimestres do ano, sendo que este percurso é agora invertido pelo 1º trimestre, comparando-se a atual variação trimestral de 4,3% com a de 3,2% observada no 4º trimestre de 2022.
A valorização acumulada no 1º trimestre de 2023 reflete a intensificação das variações mensais, que passaram de 0,6% em janeiro para 1,5% em fevereiro e, novamente, para 2,1% em março. Nesta evolução de curto prazo é possível verificar o contraste de comportamento registado já este ano com os últimos meses de 2022, quando as variações mensais dos preços se mostravam mais contidas, oscilando entre -0,5% e +1,3%.
Daqui resulta também um comportamento diferenciado da valorização homóloga, que se tem fixado à volta dos 17,0% desde o começo de 2023, após uma forte perda de intensidade nos meses anteriores. Mais especificamente, depois de atingir um nível inédito de 21% em agosto, a valorização homóloga abrandou para patamares de 19% nos dois meses seguintes, voltando a descer para níveis de 18% na reta final do ano e novamente reduzindo para 17% em janeiro, no qual se encontra agora.
No período em análise, as vendas de habitação no país realizaram-se por uma média de 2.114 euros por m2, atingindo os 2.864 euros por m2 nos novos e 2.040 euros por m2 nos usados.