“Precisamos de aproveitar os recursos e infraestruturas que temos, como o existente Aeroporto de Beja” – Pedro Spohr

Num momento crucial que Portugal e a Europa atravessam, pela expectável injeção de fundos estruturais estratégicos para o futuro de Portugal, a FIRMA, no âmbito do respetivo Board do Futuro (FIRMA Foresight Board) criou uma equipa liderada pelo Board Member FIRMA, Pedro Spohr, para uma reflexão e apresentação de uma solução concreta e viável para a projeção e desenvolvimento futuro de Portugal.

Assim, a FIRMA, entidade privada e de capital 100% nacional, enquanto empresa ao serviço dos seus clientes mas também do País, apresentará a Portugal, e neste caso às entidades governativas, uma proposta estratégica para o desenvolvimento do Sul de Portugal, no âmbito da necessidade premente de novas infraestruturas, em especial aeroportuária e ferroviária, com o aproveitamento das infraestruturas existentes, de forma a que possamos acomodar os fundos europeus expetáveis de uma forma eficiente e que contribua para o necessário equilíbrio demográfico equitativo, a precisa ocupação do território e o fomento do interior de Portugal.

Entrevista ao Board Member FIRMA, Pedro Spohr.

Consideram que o aeroporto de Beja já fazia sentido mesmo antes do indeferimento do pedido do aeroporto do Montijo?

O Aeroporto de Beja que, doravante designamos de Aeroporto Portugal Sul (APS), sempre fez sentido como complemento ao Aeroporto da Portela (AP). Estamos há 52 anos a discutir soluções alternativas complementares a AP. Em Portugal, operam  vários tipos de influências que estão em permanente luta e conflito, tornando impossível criar uma Visão e uma Estratégia Nacional que permita traçarmos um rumo de desenvolvimento coerente em prol da coesão territorial. Mas repare, até a decisão óbvia e precisa da criação do pipeline a unir a Instalação de Armazenamento de Combustíveis de Aveiras a AP, ficou nas meras intenções, há mais de 2 anos. Porque será? Não admira que vamos em 52 anos para encontrar uma solução aeroportuária que efetivamente faça sentido!

Existe uma preocupação face ao desenvolvimento sócio económico de uma região que é débil do ponto de vista financeiro e um envolvimento com a sociedade do país. É este o vosso ponto de partida?

Absolutamente! A solução que propomos, consiste na criação de um binómio AP – APS conectado por linha férrea de alta velocidade (AV), financeiramente viável, operável com energia solar foltovoltaica, que irá permitir reocupar o território, garantir a coesão demográfica necessária mas também promovendo uma distribuição mais justa do rendimento per capita. Portugal é muito mais que o litoral e Lisboa e Porto. Um país pequeno em território e população como Portugal (do tamanho, por exemplo, de Pernambuco) não se pode dar ao luxo de não aproveitar todos os recursos que tem. Há mais vida para além do Litoral e das cidades de Lisboa e do Porto. Portugal é muito mais que isso!

Promover a proposta do aeroporto em Beja assenta numa perspetiva de descentralização, ambientalismo, desertificação, promoção de turismo, comércio e indústria?

Claro. O que consideramos ser o Aeroporto Portugal Sul (APS), conectado por AV até ao Porto, Algarve e Rede Europeia de AV (em Badajoz). E por autoestrada, em especial, através da conclusão da A26 para ligação direta ao Porto de Sines e à Costa Alentejana. A sua questão engloba as principais vertentes de desenvolvimento da nossa Proposta. A centralidade aeroportuária e ferroviária de APS vai seguramente fixar indústrias que estão interligadas com o transporte aéreo a nível de aprovisionamento de matérias primas, componentes, e exportação de produtos acabados, prontos a entregar ao consumidor. Por outro lado, toda a região do Alqueva e da Andaluzia vão poder diariamente escoar os produtos agrícolas frescos para as principais praças europeias e internacionais, em especial americanas.

O País interligado por AV fica ainda mais próximo, possibilitando estar em Lisboa em 40 minutos, no Porto em 80 minutos, em Faro em 20 minutos, em Badajoz em 25 minutos e/ou em Madrid em 125 minutos. Isto representará coesão, proximidade mas, acima de tudo, competitividade. Não precisamos de inventar a roda ou de investimentos megalómanos de concentração dos recursos e das pessoas nas grandes urbes. Precisamos de aproveitar os recursos e infraestruturas que temos (como o existente Aeroporto de Beja), potenciar a nossa localização geográfica, enquanto plataforma atlântica estratégica (através também da expansão do Porto de Sines) e da ocupação do nosso território. A solução de Beja pensa mesmo o País como um todo e garante a Portugal tornar-se um País melhor, mais unido e, acima de tudo, com ainda mais valor.

E para que não restem dúvidas, será uma solução complementar ao que existe. Mas também poderá resolver e evitar uma série de constrangimentos e compromissos indevidamente assumidos no âmbito da intenção havida de construção de raiz de um segundo aeroporto na região de Lisboa. A nossa proposta também resolve e gera valor nesse sentido.

Quando refere o Aeroporto Portugal Sul como solução, está prevista a extinção do aeroporto de Faro?

Não. Preconizamos uma complementaridade entre as infraestruturas existentes. E, no regresso futuro à normalidade e à atratividade de Portugal no Mundo, todas as infraestruturas serão cruciais para podermos receber e bem-receber com ainda maior eficácia e valor.  Mas reconhecemos que o APS gerará muito valor à região do Algarve, que precisa de ser valorizada e apostada.

A nossa Proposta pensa em Portugal como um todo. Globalmente mais desenvolvido, através de uma Estratégia Nacional que devíamos ter mas que, ainda não foi, inexplicavelmente, definida e tornada conhecida como um desígnio nacional; de união dos portugueses.

Com a conclusão da A26 e a inclusão do TGV prevê-se uma redistribuição do tráfego aéreo nos aeroportos nacionais?
Sem dúvida. O Estado exercerá o necessário papel regulador cabendo-lhe atuar nas variáveis deste novo Sistema ao seu dispor para prosseguir as soluções mais justas e equilibradas para o País.

Os investimentos que o projeto necessita serão fundamentalmente públicos ou privados?
Na nossa opinião, podem e devem ser públicos e privados. Sendo rentáveis, financeiramente viáveis, exemplo a AV porque tem tráfego assegurado, a energia verde porque tem consumo assegurado, compete ao Estado definir como irá atribuir as várias concessões que esta nossa Proposta implica.

De acordo com o Managing Partner da FIRMA, Bernardo Theotónio-Pereira, “a FIRMA para além de ser uma empresa privada que visa o lucro e representa e apoia clientes com soluções de new funding, special situations, estratégia e vetting, pretende também contribuir para o futuro do País, quer através da FIRMA CAUSAS como com a apresentação sistemática de ideias e soluções para Portugal. Por isso, neste momento crucial para o futuro do País, aqui estamos a propor o que consideramos ser relevante e preciso para o futuro de Portugal. Aliás, tal como, outrora, por exemplo, também já fizemos com a aproximação com a Índia e com a apresentação de uma estratégia nacional para a mineração. Não há, mesmo, tempo a perder. Acredito que a sociedade civil e empresarial nacional têm de contribuir para apoiar a classe política e os governantes na construção de um Portugal melhor, mais competitivo, produtivo, eficiente e na vanguarda das melhores soluções e opções. Porque não podemos continuar a gastar por gastar e investir por investir. Precisamos de rentabilizar e potenciar os recursos que, hoje, já temos e pensar, verdadeiramente, Portugal como um todo e para todos”.