Os ativos não rentáveis dos Bancos portugueses vão aumentar

O Novo Banco é o mais afetado entre os maiores Bancos de Portugal.

Com o fim das moratórias, a ameaça de agravamento da qualidade dos ativos paira sobre os Bancos do país.

Os empréstimos sob moratória em Portugal como proporção do total de empréstimos representam uma média ponderada de 15%, “muito acima” do nível europeu, de acordo com um relatório da DBRS Morningstar. “O fim das moratórias no final do terceiro trimestre de 2021 poderia levar a um aumento do crédito malparado”, disse a agência de notação.

O Novo Banco SA é o mais afetado entre os maiores Bancos de Portugal em termos relativos, uma vez que mais de 22% dos seus empréstimos estavam sob moratória a 30 de junho, ascendendo a 5,60 mil milhões de euros.

O Millennium BCP tinha mais de 18% da sua carteira de empréstimos sob moratória, totalizando 7,34 mil milhões de euros, enquanto a Caixa Geral de Depósitos SA tinha pouco mais de 12% da sua carteira de empréstimos domésticos sob moratória, equivalendo a 5,47 mil milhões de euros.

A DBRS Morningstar constatou que a maioria destas exposições abrangem sobretudo  clientes de pequenas e médias empresas.

Mais de metade dos empréstimos corporativos do Novo Banco sob moratória tiveram um mau desempenho a partir do final do segundo trimestre. Apenas 46% dos empréstimos estavam na fase 1 – empréstimos que não tiveram um aumento significativo do risco de crédito desde a emissão. Cerca de 41% dos seus empréstimos foram considerados de fase 2, ou de baixo desempenho, enquanto 13% foram classificados como de fase 3, ou de mau desempenho.

Entretanto, 63,1% dos empréstimos do Millennium BCP ao abrigo da moratória foram classificados como de fase 1. O número foi de 67,5% para a Caixa Geral de Depósitos.

Os rácios de empréstimos não rentáveis nos três bancos diminuíram significativamente nos últimos anos e continuaram a diminuir na primeira metade de 2021, mostram os dados da S&P Global Market Intelligence. Contudo, prevê-se que os ativos não rentáveis em proporção de todos os ativos no país aumentem de 6,9% no final de 2020 para 8,3% em 2021 e 9,7% em 2022, segundo um relatório da S&P Global Ratings de Julho.