Durante o quinto mês do ano, a Neinor Homes pôs à venda a sua carteira build-to-rent, enquanto vários promotores logísticos fecharam novas aquisições de terrenos.
Maio foi um mês agitado no sector imobiliário. Por um lado, grandes promotores residenciais, como Neinor Homes e Nuveen Real Estate, abriram a porta para reduzir o seu peso no segmento build-to-rent.
Por outro lado, os hotéis e centros comerciais foram dois dos tipos de ativos mais transacionados durante o mês. Entretanto, a CNMV deu a sua aprovação à oferta pública de aquisição da FCC sobre a Metrovacesa. Também, no sector da logística, os principais intervenientes no mercado fecharam numerosas aquisições de terrenos.
Mercado
Em Maio, foram publicados dados sobre as vendas de habitações para o primeiro trimestre. No total, foram registadas 164.299 vendas de habitações no primeiro trimestre, um aumento de 14% em comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas de habitações novas estão a crescer a taxas semelhantes às vendas de habitações em segunda mão. Além disso, foram concedidas 43.378 hipotecas em Março, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar das boas notícias, a pressão inflacionária, e o consequente aumento dos custos de construção, significa que se espera que sejam concedidas menos licenças de construção novas em 2022 do que em 2021, de acordo com os promotores imobiliários.
Empresas
Sem dúvida, a notícia do mês, e talvez do ano, foi a oferta de compra de 24% da Metrovacesa por Carlos Slim. A operação foi aprovada pela CNMV e será válida até 14 de Junho. A FCC irá investir até 262 milhões de euros para adquirir uma posição de 30% no promotor imobiliário. De acordo com as estimativas do mercado, os principais acionistas não participarão, pelo que a FCC poderá não completar totalmente a sua oferta pública de aquisição.
Em termos de resultados anuais, o promotor imobiliário Aedas Homes anunciou os melhores rendimentos e lucros da sua história. A empresa liderada por David Martínez ganhou mais de 93 milhões de euros no seu exercício financeiro de 2021/22. Além disso, o Grupo Lar melhorou o seu volume de negócios em relação a 2020, tendo os seus resultados excedido os registados nos anos anteriores à pandemia. A carteira da empresa excede os 3,669 milhões de euros.
Em termos de resultados trimestrais, correspondentes aos primeiros três meses do ano, a Via Célere registou receitas de 162 milhões de euros e um lucro líquido de 21,4 milhões de euros. Entretanto, a Metrovacesa gerou um volume de negócios de 141,1 milhões de euros e um valor recorde de pré-vendas. Por último, o Lar España registou uma ligeira redução nos seus rendimentos e lucro líquido.
A Mutualidad de la Abogacía comprou 15% da Socimi Advero, após ter investido 6,5 milhões de euros. Além disso, a seguradora adquiriu uma participação de 5% na Socimi Millenium, graças ao recente aumento de capital desta empresa.
Finalmente, a proptech Housfy fechou uma ronda de financiamento no valor de 30 milhões de euros, que será utilizada para desenvolver a plataforma, com o objetivo de continuar a melhorar a experiência do utilizador e integrar novos serviços.
Residencial
O sector vivo capturou um investimento total de 1,135 mil milhões de euros durante o primeiro trimestre de 2022. Este valor representou um aumento de 50% em comparação com o mesmo período em 2020.
Em Maio, a Neinor Homes confirmou que tinha contratado a empresa de consultoria Savills para tentar vender parte da sua carteira build-to-rent. Este processo poderia afetar até 1.500 das suas casas, mas a empresa cotada ainda não tomou uma decisão final.
A Nuveen Real Estate, outra das grandes empresas de aluguer residencial, através da sua plataforma Stay, anunciou que pretende trazer um terceiro parceiro, o que lhe permitirá fazer uma saída parcial.
Apesar dos numerosos rumores de saídas por parte de outros investidores, a maioria está a avançar com os seus planos. Por exemplo, a Catella Asset Management encerrou a aquisição de 281 casas construídas para alugar em Valência à AQ Acentor por 66 milhões de euros.
Em termos de grandes projetos, Amenabar lançou a sua segunda promoção em La Moraleja, um complexo exclusivo composto por casas unifamiliares. Além disso, Dazia Capital adquiriu um terreno, na zona de Atocha, onde vai desenvolver um complexo residencial composto por 30 casas de luxo.
A Comunidade de Madrid prepara-se já para lançar a segunda fase do seu Plano Vive. Nesta ocasião, está a estudar uma extensão dos termos das concessões e planeia utilizar os Fundos da Próxima Geração para apoiar o desenvolvimento de terrenos com menos interesse de investimento.
Escritórios
O investimento em escritórios ascendeu a 600 milhões de euros durante o primeiro trimestre do ano. E esse valor poderá aumentar para 3,5 mil milhões até ao final do ano.
A maior operação do mês foi realizada por Ibervalles, com a sua compra de duas propriedades em Madrid ao Colonial. A Socimi, que vai estrear-se no Crescimento BME no Verão, vai renovar e reposicionar os ativos que adquiriu em Josefa Valcárcel 24 e Alcalá 506.
A filial francesa do grupo Swiss Life Asset Managers adquiriu um edifício de escritórios com mais de 3.500 metros quadrados, através de um dos seus fundos dedicados à seguradora francesa MAIF Group, de um grupo de investimento alemão.
Stoneshield, o fundo propriedade dos antigos diretores da Lone Star Juan Pepa e Felipe Morenés, comprou três edifícios de escritórios no norte de Madrid: Cardenal Herrera Oria 3, Lezama 20 e Labastida 9-11, que juntos abrangem uma superfície total de 9.300 metros quadrados.
O investidor Antonio Revilla comprou alguns escritórios no Bairro de Salamanca de Azora por 15 milhões de euros.
Além de Madrid, a Socimi Trajano fechou a venda de um edifício de escritórios em Bilbao por 42 milhões de euros a um escritório familiar local. A propriedade estende-se por quase 9.000 metros quadrados.
Em termos de ativos no mercado, a Globalia colocou a sua carteira imobiliária à venda, que inclui os seus atuais escritórios na cidade madrilena de Pozuelo de Alarcón. Além disso, a família Hernández-Beitia colocou no mercado o seu edifício Gorbea 5 por 70 milhões de euros, num processo de venda organizado pela JLL.
O Stoneshield está a avançar com o desenvolvimento de um grande complexo multiusos com 60.000 metros quadrados em Tres Cantos. O fundo decidiu investir mais de 200 milhões de euros na construção de 15 edifícios na cidade de Madrilena.
Comercial
A gestora do centro comercial Carmila encerrou a aquisição do Centro Comercial La Rosaleda por 24,6 milhões de euros da joint-venture Hispania Retail Property, constituída pelo Grupo Lar, o fundo de cobertura americano Baupost e o gestor britânico Greenoak.
Além disso, a AEW comprou o Parque Comercial Alcora Plaza, localizado no Parque Oeste em Alcorcón, à Goldman Sachs. Tem uma ABL de 22.000 metros quadrados e alberga 14 lojas.
Na rua principal, a Mutualidad de la Abogacía fechou a aquisição de um edifício comercial, especificamente, a Calle Preciados 4 em Madrid, da Patrizia. O preço da operação não foi divulgado.
O escritório familiar MP Capital, sediado em Granada-, adquiriu o seu terceiro estabelecimento comercial em San Sebastian em menos de um ano. Essa operação foi encerrada por 3 milhões de euros.
No segmento dos supermercados, a MDSR comprou duas carteiras, nomeadamente: 9 supermercados Carrefour da Amundi por 180 milhões de euros e uma carteira de supermercados em Barcelona da Barings.
Em termos de novos projetos, a empresa belga Equilis iniciou a construção do seu novo parque comercial em Fuenlabrada. O novo empreendimento inclui a construção de uma área de 26.000 metros quadrados composta por lojas, instalações de lazer, restaurantes e um hotel. Além disso, o complexo contará com uma residência estudantil com 600 quartos ao lado da área comercial.
Hotéis
Durante o primeiro trimestre de 2022, o investimento no segmento hoteleiro excedeu 1 bilião de euros. Além disso, as previsões indicam que o valor total para o ano ultrapassará os 2 mil milhões de euros a 3 mil milhões de euros em média da série histórica.
Na segunda quinzena de Maio, várias operações potenciais e vendas de ativos foram anunciadas ao mercado. Uma das mais significativas, o interesse de Stoneweg no Hotel Miguel Ángel em Madrid, propriedade do empresário britânico-iraquiano Nadhmi Auchi. Apesar do contacto inicial, a operação parece ser muito complicada.
Pela dimensão da operação, a empresa canadiana Brookfield pagou 175 milhões de euros pelo Hotel Madrid Princesa, que tem mais de 400 quartos e está localizado no centro da capital espanhola.
KKR e Dunas Capital colocaram à venda cinco hotéis nas Ilhas Baleares por 140 milhões de euros. A empresa comum comprou a carteira em 2017 por 100 milhões de euros.
O gerente espanhol Azora fechou uma nova operação em Portugal, a compra do Hotel de luxo Pestana Blue Alvor, no Algarve, um complexo composto por 500 quartos e com uma área de 120.000 metros quadrados.
Zetland Capital encerrou a aquisição do Hotel Don Juan Center, numa operação aconselhada por EY. O activo tem mais de 200 quartos e está localizado perto do centro da cidade e da costa.
O último complexo transacionado em Maio foi o Hotel Florida Norte, pelo qual Round Hill irá pagar 80 milhões de euros ao Grupo Faranda, propriedade da família Fernández Hoyos. Neste caso, o fundo transformará o ativo numa residência estudantil.
Industrial & Logística
Em Maio, Montepino encerrou um aumento de capital no valor de 250 milhões de euros, o que lhe permitirá continuar a expandir a sua carteira. Um dos seus investimentos utilizando a injeção de dinheiro será um novo armazém logístico em Saragoça, no qual investirá mais de 150 milhões de euros.
Em termos de desinvestimentos, a Patrizia colocou à venda dois armazéns da sua carteira por 110 milhões de euros. Entretanto, a Iroko Zen comprou duas propriedades em Jaén e Huelva; e a Desyman adquiriu um armazém industrial de 11.500 metros quadrados em Sant Boi de Llobregat.
O promotor imobiliário americano Trammell Crow Company fez a sua estreia em Espanha com a aquisição de três parcelas de terreno em Barcelona e Guadalajara. No total, incorporou quase 175.000 metros quadrados de terreno na sua carteira.
O fundo soberano de Singapura, GIC, comprou um terreno logístico, localizado em Sant Quirze del Vallès, à Cobega. O GIC gastou 25 milhões de euros no local, no qual construirá uma plataforma logística que se estenderá até 33.000 metros quadrados.
O promotor imobiliário logístico GLP adquiriu dois novos lotes em Constantí (Tarragona) e Masquefa (Barcelona). Juntos compreendem 52.345 metros quadrados de terreno finalista e estarão disponíveis a partir do segundo trimestre de 2023.
Residências de estudantes
No final de Maio, a Câmara Municipal de Barcelona aprovou uma modificação ao Plano Geral Metropolitano da cidade para regular o aumento do número de residências estudantis privadas em terrenos comunitários nos últimos anos.
Em termos de operações empresariais, Patrizia fez a sua primeira incursão neste segmento com a compra da plataforma do The Student Hotel, incluindo os seus dois activos, por 110 milhões de euros.
Stoneshield comprou três edifícios que vão ser utilizados como residências estudantis no norte de Madrid; e o Grupo Vita está em negociações com a Metrovacesa para comprar dois dos activos do seu projecto urbano no local da antiga fábrica da Clesa, que serão utilizados para este fim.
Em termos de novos projetos, o Grupo Moraval vai desenvolver uma nova residência estudantil em Saragoça e a Student Experience vai construir outra em Granada.
Residências Séniores
Thor foi adjudicado o concurso para a construção de um hospital geral e de um lar para idosos em Tarragona, num projecto cujo investimento deverá exceder os 60 milhões de euros.
Azora comprou um complexo de idosos em Benidorm e a empresa alemã The Flag anunciou que vai promover outro em Málaga, que será o seu primeiro ativo deste tipo em Espanha. Além disso, Urbas adquiriu a Fortia Healthcare, com a intenção de criar um líder no ramo de vida sénior.
Em novos projectos, a Healthcare Activos vai promover dois lares para idosos, um em Córdoba e outro em Sabadell. O seu homólogo Cofinimmo também vai construir um na mesma cidade andaluza.
NPLs e REOs
O Banco Santander apresentou ao mercado o seu novo servicer Diglo. A nova entidade será encarregada da gestão e venda de ativos tóxicos e a sua primeira missão será a gestão de uma carteira de serviços da Aliseda. A empresa terá 150 empregados.
Também em Maio, a Servihabitat iniciou a gestão dos ativos do Kutxabank. O serviçal assumiu as rédeas após ter recebido a gestão da carteira em 2021. A carteira é composta por 9.000 ativos imobiliários, com um valor superior a 1,1 mil milhões de euros, localizados principalmente na Andaluzia e no País Basco. A Servihabitat irá gerir a carteira durante os próximos 5 anos.
