Falo-vos hoje sobre alguns dados financeiros do sector da avaliação imobiliária durante a pandemia. Foi analisada a performance financeira e económica no ano 2020 de cerca de 52 empresas do sector. Do referido número, importa salientar que todas as empresas estavam inscritas na C.M.V.M. e concluí primeiramente que cerca de 24 empresas eram reguladas pela RICS – Royal Institution of Chartered Surveyors, 21 empresas estavam integradas no TEGoVA – The European Group of Valuers e 7 empresas não tinham uma das certificações mencionadas. Existem empresas que acumulam as duas certificações, mas foi somente considerada uma certificação por empresa no presente estudo.
Em termos médios, o volume de negócios do sector entre 2019 e 2020 teve uma queda de cerca de 15%. Oito empresas registaram uma variação na faturação abaixo da média evidenciada e eram reguladas pela RICS. Ao invés, 20 empresas demonstraram uma tendência positiva, repartida por 8 RICS, 8 TEGoVA e 4 sem uma das certificações, contrariando as 32 empresas com quedas na respetiva faturação.
O sector registou um total de custos de 45 994 322 € e, ainda, um total de 4 728 092 € de resultados correntes (EBITDA). A ter em conta que o referido total é o somatório dos resultados positivos e negativos. Foram cerca de 7 empresas reguladas pela RICS, 2 empresas integradas no TEGoVA e uma empresa sem uma das ditas certificações (um total de 10 empresas) que registaram um EBITDA negativo.
Foi atingido um resultado médio líquido de cerca de 7,62% e onze entidades obtiveram um resultado negativo. Sobre o mesmo indicador, não é demais salientar que cerca de 32 empresas obtiveram um resultado líquido abaixo da média.
O grupo de 52 empresas analisadas totalizava em 2020 um montante de capital de 22 687 213 € e 4 empresas encontravam-se com capital negativo (1 RICS, 1 TEGoVA e 2 sem certificação). Acrescenta-se ainda que o sector registou em média um retorno sobre o total do ativo de cerca de 7,79% e foram 11 empresas (7 RICS, 3 TEGoVA e 1 sem certificação) que apresentaram uma negativa rentabilidade económica e 28 empresas (14 RICS, 10 TEGoVA e 4 sem certificação) que registaram um retorno sobre o ativo abaixo da média.
É também importante sublinhar que se encontravam empregados nas 52 empresas cerca de 487 colaboradores. O turnover do sector por pessoa rondou em média os 101.638 €, compreendido no intervalo entre 28.117 € e 303.953 €. Em relação à remuneração média que foi paga pelas empresas aos seus colaboradores, realça-se que os custos anuais por colaborador do sector rondavam entre os 15.185€ e os 80.545 € e a remuneração (bruta) média de um funcionário do sector da avaliação imobiliária rondou os 2.043 €/mês, situando-se num intervalo entre 819 €/mês e 4.344 €/mês. A referida remuneração não considera os encargos da segurança social por parte da entidade patronal. Salienta-se ainda que cerca de 13 empresas (8 RICS, 4 TEGoVA e 1 sem certificação) pagaram acima da média contra 39 empresas que pagaram abaixo do referido indicador.
Não foram incluídos dados da maior parte das empresas com um só avaliador na análise, tendo sido só consideradas as empresas com maior relevância em termos de estrutura organizacional, de modo a que não fossem gerados na análise dados inconclusivos sobre a gestão das mesmas. Por conseguinte, algumas empresas ficaram fora da análise e, por isso, os dados não compreendem a totalidade do sector. É importante referir que o sector é também composto por um número variado de avaliadores que atuam de forma independente e colaboram externamente com as 52 empresas da amostra. Importa ainda alertar que duas ou três empresas da análise operavam também na área da consultoria, além de avaliação imobiliária e, por conseguinte, acredito ainda que existe uma pequena margem de erro nos resultados totais da análise.
Agora, resta esperar pelos dados do ano transato para perceber qual foi a trajetória de recuperação da pandemia das empresas do sector. Fica o mote para outro artigo a publicar em breve.