De acordo com a mais recente análise da consultora imobiliária Savills Portugal sobre o desempenho do mercado de escritórios de Lisboa, este observou uma descida acentuada no final do 1º semestre do ano.
Os números fechados para o 1º semestre de 2023 somam um volume de absorção, que se situou em cerca de 38.000 m2 no final deste período.
Este valor reflete uma descida de 77% face ao mesmo período do ano passado, indicando um período desafiante para o mercado de escritórios. O volume médio de absorção para a primeira metade dos últimos 5 anos revela igualmente um decréscimo de 58%.
O primeiro semestre de 2023 foi marcado por variações no desempenho das diferentes zonas de mercado, com o Parque das Nações (Zona 5) e o Corredor Oeste (Zona 6) a surgirem como as zonas com melhor desempenho. Estas duas zonas foram responsáveis por ligeiramente mais de 40% do volume total de absorção, contribuindo cada uma com 25% e 18%, respetivamente.
Todas as zonas do mercado, sem exceção, registaram um declínio no volume de absorção em comparação com os últimos 5 anos, com a Zona Prime CBD (Zona 1) e as Novas Zonas de Escritórios (Zona 3) a registarem os maiores decréscimos de desempenho, acima dos 70%.
O setor das TMT’s & Utilities continua a impulsionar o mercado de escritórios de Lisboa. Este setor foi responsável pela ocupação de 13.065 m2 de espaço de escritórios no final do 1º semestre de 2023. É de salientar que o segmento de TMT’s & Utilities tem demonstrado uma atividade de ocupação consistente, consolidando ainda mais a sua posição como um dos segmentos mais dinâmicos e demonstrando uma prova da importância das empresas de tecnologia no panorama empresarial atual.
No que diz respeito ao mercado de escritórios do Porto, este somou um volume de absorção total de 25.184 m2. Embora o volume de absorção tenha sido 17% inferior ao registado no mesmo período do ano transato, foi 9% superior ao volume médio de absorção dos últimos quatro anos.
Este resultado foi alcançado pelo fecho de 32 operações, incluindo sete operações com mais de 1.000 m2. Estas operações elevaram a área média ocupada do 1º semestre 2023 aos 787 m2. A Zona Out of Town registou a melhor performance do 1º semestre de 2023 com um volume de absorção total de 9.361 m2, seguida da Zona de Expansão com 8.058 m2.
Mas o maior aumento percentual de volume de absorção foi observado na Zona de Expansão com um aumento superior a 500% face ao mesmo período de 2022, justificado por ter sido palco da maior operação do semestre acima dos 5.000 m2.
Os setores das TMT´s & Utilities e Consultores & Advogados foram os mais dinâmicos nesta primeira metade do ano, contribuindo para 54% do volume de absorção total.
O valor de renda prime manteve-se estável nos 18 euros por m2/mês no decorrer dos primeiros 6 meses, com expetativa de subida até ao final do ano suportada pelos novos projetos em comercialização.
Até ao final de 2023, é esperada a conclusão de aproximadamente 35.700 m2 de novos espaços de escritórios com a Zona Out of Town a receber cerca de 19.000 m2. No primeiro semestre de 2023 foram concluídos 5 projetos num total ligeiramente superior a 25.000 m2.
De acordo com Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal, “Os resultados do 1º semestre de 2023 enquadram-se no cenário económico de grande incerteza e de maior cautela nos processos de decisão, que afetam principalmente as empresas de média e pequena dimensão. A adicionar a esta conjuntura menos favorável, temos também uma falta de stock disponível de espaços de escritórios de qualidade e a afirmação gradual de uma nova tendência de ocupação de espaços, como os espaços flexíveis. Não obstante, acreditamos que a segunda metade do ano será mais dinâmica e fechará em resultados mais positivos. Os projetos em pipeline provam a confiança de investidores e promotores no nosso mercado de ocupação”.
Segundo Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, “Mas é também muito importante que se compreenda que tivemos um ano outlier, o ano 2022, onde se bateu um recorde histórico de fecho de operações de pré-arrendamento para áreas de grande dimensão. Obviamente que o ano 2022, vai sempre inflacionar e influenciar negativamente as taxas de crescimento de 2023, não significando que haja de todo um abrandamento da procura.”
Graça Cunha, Offices Associate da divisão do Porto da Savills Portugal, afirma, “No final dos primeiros seis meses do ano, um período marcado por análises cuidadas e decisões ponderadas, é de salientar que o mercado de escritórios do Porto continua a demonstrar uma estabilidade notável. Apesar dos muitos desafios que caracterizam o mercado imobiliário este ano, um dos principais indicadores da atratividade do mercado para além do volume de absorção é o seu pipeline que reflete a confiança que investidores e inquilinos têm no mercado do Porto e no seu potencial de crescimento. A construção de novos projetos de escritórios tem contribuído para atrair um leque diversificado de empresas de diferentes setores e nacionalidades. Esta tendência é particularmente notória nas áreas em redor do Porto, como Matosinhos, onde se localizam muitos destes novos projetos. Todos estes factores conjugam-se para fazer do Porto um destino cada vez mais atrativo para as empresas que procuram estabelecer uma presença num mercado dinâmico e com visão de futuro.”