Mercado de escritórios de Lisboa mantém tendência de crescimento

O resultado bimestral resulta de uma análise da Savills.

Segundo a análise da Savills, no que respeita ao volume de absorção de escritórios em Lisboa e Porto, a consultora imobiliária internacional identifica o regresso aos escritórios e a instalação de novas empresas, nomeadamente na área das tecnologias e telecomunicações, como os principais motores do crescimento de ambas as cidades.

O mercado de escritórios de Lisboa, no final de fevereiro de 2022, manteve a tendência de crescimento, apurando um volume de absorção de 45.507 m2. No entanto, este resultado foi fortemente incentivado pela operação de pré-arrendamento de 28.000 m2 pela Fidelidade no edifício Álvaro Pais, na zona de Entrecampos. Mesmo assim, o resultado bimestral sem essa operação representaria um crescimento de 80% em relação ao mesmo período do ano anterior, e de 87% quando comparado com 2019, o que confirma a tendência de recuperação.

De acordo com Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, “Os resultados deste início de ano confirmam a tendência de recuperação já sentida nos últimos meses do ano de 2021. Agora que o regresso dos trabalhadores aos escritórios é um dado adquirido, ainda que os modelos híbridos sejam equacionados, as empresas procuram novos espaços adaptados às novas necessidades, assentes no bem-estar dos colaboradores e como estratégia de retenção de talentos”.

Entre janeiro e fevereiro de 2022, fecharam-se 26 operações, tendo a zona Prime CBD (Zona 1) registado 31% das operações, seguida pela zona do Corredor Oeste (zona 6), com 23%.

A nova sede da Fidelidade, ocupando 28.000 m2, fez sobressair o intervalo de área ocupada acima dos 5.000 m2, (74% do total) ainda que, caso esta operação não existisse, este seria, ainda assim, o mais representativo, seguido do intervalo relativo a espaços entre os 301 – 800 m2, com 10%.

Quanto ao volume de absorção por setor de atividade, destaca-se o setor dos Serviços a empresas com 6.698 m2, em que 5.807 m2 foram ocupados por um centro de escritórios na Novas Zonas de escritórios (Zona 3).

Para Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal, “Após quase dois anos de trabalho remoto recomendado, a recuperação do mercado de escritórios de Lisboa é hoje evidente. O principal ponto de destaque é o volume de absorção em edifícios novos no ano 2021, que foi 44,4% superior ao observado no ano 2019, período pré-pandemia, revelando o apetite das empresas em ingressar em espaços novos, de qualidade e cumpridores das políticas ESG, que elevam o seu estatuto no mercado de trabalho e, consequentemente, transmitem um maior bem-estar aos seus colaboradores”.

Mais a norte, no mercado de escritórios do Porto, o volume de absorção total relativo a janeiro e fevereiro de 2022 situou-se nos 2.982 m2, mais que duplicando em relação ao mesmo período do ano 2021, mas, ainda assim, 34% abaixo do apurado em 2020. No total dos dois primeiros meses do ano foram registadas 7 operações, com o mês de fevereiro mais escasso em operações.

Alexandra Portugal Gomes, salienta que “Os resultados destes dois meses demonstram a intenção do mercado em acentuar o seu crescimento, que, embora tímido, começa a emitir sinais mais positivos. Apesar de ainda não se comparar aos valores de 2020, é um crescimento significativo quando comparado com o período homólogo do ano passado. Outro sinal positivo é que algumas operações provêm do estabelecimento de novas empresas do setor das tecnologias e telecomunicações na região, atestando a atratividade do mercado do Porto”.

Segundo a Savills, a Zona CBD Boavista figura no topo das preferências dos ocupantes neste início de ano, com um total de 1.705 m2 de espaços ocupados, distribuídos por três edifícios.

Francisco Megre, Offices Consultant da divisão do Porto da Savills Portugal, refere que, “após um crescimento anual de 5% registado em 2021, os primeiros meses de 2022 demonstram sinais positivos no mercado de escritórios do Porto. As empresas procuram expandir área e as novas empresas representam uma percentagem cada vez maior dos novos ocupantes. A falta de oferta tem limitado a tomada de decisão por parte de grandes empresas. Contudo, face aos projetos em curso no Grande Porto, prevê-se um aumento substancial do mercado de escritórios com a respetiva qualidade de construção e sustentabilidade associada”.