Lisboa entre as dez cidades europeias mais atrativas para investimento imobiliário em 2021

Escritórios mantêm-se o setor privilegiado, mas habitação para arrendamento ganha relevância.

Segundo o relatório EMEA Investor Intentions Survey 2021, divulgado esta segunda-feira pela CBRE, Lisboa é uma das dez cidades europeias mais atrativas para investimento imobiliário em 2021.

A capital portuguesa ocupa o 10º lugar de lista que é liderada por Londres, mas com quatro cidades entre as preferidas dos investidores, sendo a Alemanha o país que deverá liderar a recuperação do investimento na Europa, com as cidades Berlim e Frankfurt a aparecerem logo de seguida na lista.

A capital britânica apesar do cenário pós-Brexit, mantém a sua relevância enquanto cidade com maior atratividade para o investimento imobiliário na Europa. Berlim, Frankfurt, Paris e Amesterdão completam o ranking dos cinco principais mercados, e Munique e Hamburgo ocupam o sexto e sétimo lugares, respetivamente, seguidas de Zurique e Varsóvia. Com quatro cidades na lista das dez preferidas dos investidores, a Alemanha deverá liderar a recuperação do investimento na Europa.

Segundo o estudo da CBRE, cerca de 60% dos investidores europeus planeia investir mais em imobiliário este ano do que em 2020. De acordo com relatório, quase 75% indicaram querer comprar 10% ou mais este ano em comparação com o anterior, ainda que existam algumas diferenças percetíveis entre os vários países. Por exemplo, no Reino Unido, mais de 80% dos investidores manifestaram vontade de investir mais capital.

Os escritórios foram considerados a classe de ativos preferida dos investidores europeus, apesar do aumento do teletrabalho e do trabalho flexível, resultado da Covid-19. A análise revela ainda que 35% dos inquiridos indicaram que a área dos escritórios é a preferida dentro do setor imobiliário, refletindo um sentimento positivo do mercado sobre o futuro dos escritórios de qualidade (Classe A).

Também o setor residencial ganha cada vez mais importância ao ser destacado como a segunda classe de ativos imobiliários mais popular, com 24% das intenções, seguido do setor industrial e logístico com 22%. Desta forma, os escritórios Classe A, o industrial e logístico e a habitação são os setores onde se espera que os preços permaneçam mais fortes, enquanto a maioria dos investidores prevê reduções de valor consideráveis para certos tipos de ativos de comércio e hotéis, bem como para escritórios de qualidade inferior.

Tendo em conta a incerteza vivida em torno da pandemia e do seu impacto nos fundamentos económicos e imobiliários, mais de 50% dos inquiridos indicaram uma preferência por estratégias core e core plus, em 2021. Os investidores demonstraram também um maior foco na adoção de estratégias de sustentabilidade (ESG – Environmental, Social and Governance), com dois terços a indicarem que já adotaram os critérios ESG nas suas práticas de investimento. As empresas sediadas no Reino Unido são as mais atentas a este tema, com 89% dos inquiridos a revelar que já adotaram estratégias ESG.

Segundo Cristina Arouca, Diretora da área de Research da CBRE Portugal. “Em Portugal o investimento em imobiliário comercial arrancou timidamente em 2021 devido ao confinamento geral a que o país ficou sujeito, incluindo restrições relativamente a viagens e realização de visitas a imóveis, refletindo-se num forte abrandamento da atividade de investimento durante os três primeiros meses do ano. A CBRE registou um investimento na ordem dos 200 milhões de euros, que representa cerca de 40% acima do observado no segundo trimestre de 2020, aquando do primeiro grande confinamento, mas 50% abaixo do trimestre anterior”.

Nuno Nunes, Diretor de Capital Markets da CBRE Portugal, explica que continua a haver um elevado interesse pelo mercado imobiliário português e, com o gradual desconfinamento do país e um plano de vacinação a avançar, espera-se um segundo semestre bastante dinâmico. “Portugal está perfeitamente dentro do radar da comunidade internacional de investimento e, a nível nacional, prevemos evoluções muito positivas na capacidade de investimento dos players locais. Existem atualmente mais de 2.400 milhões de euros de ativos em comercialização ou com processos em curso para serem lançados a mercado em breve, levando-nos a antecipar um volume de investimento para o ano de aproximadamente 2.600 milhões de euros. Sendo um montante ligeiramente abaixo do observado no ano passado (de 2.900 milhões de euros), é ainda bastante relevante para o mercado nacional”.

A CBRE, na expectativa de que os planos de vacinação se mantenham dentro do calendário estipulado, prevê que em 2021 os volumes de investimento europeu aumentem até 5% em relação ao ano anterior, embora seja provável que haja alguma variação entre países e classes de ativos.