Num evento que reuniu mais de 450 investidores nacionais e estrangeiros, a CBRE apresentou as tendências do mercado imobiliário para 2023, antevendo um investimento no setor imobiliário que deverá rondar os 3 mil milhões de euros.
Entres os principais riscos apontados pela consultora, estão a obtenção e o custo do crédito, bem como o desfasamento de expectativas de preços entre o vendedor e o comprador.
No contexto económico a nível nacional, foi afastado o cenário de recessão em 2023, sendo esperada a manutenção de uma taxa de desempenho relativamente estável. A maior incerteza prende-se com a rapidez e o grau de crescimento das taxas de juro, que estão intimamente conectadas à necessidade de reduzir a inflação conforme foi anunciado pelo presidente do Banco Central Europeu.
No que diz respeito à sustentabilidade, a componente Social da sigla ESG – Environmental, Social, Governance, tem ganho uma importância cada vez maior. No entanto, a CBRE antecipa para 2023, a adoção, por parte das empresas, de uma estratégia integrada, que contribua para o cumprimento das métricas estabelecidas pelo Governo e pelas Nações Unidas.
No que toca ao setor dos escritórios, é previsto um volume de investimento semelhante ao observado em 2022, enquanto que no setor da logística e hotelaria, é antecipado um volume inferior, muito devido ao facto de que 2022 foi um ano incomum nestes dois setores, com a transação de portefólios emblemáticos, que representaram uma grande fatia no volume total de investimento em Portugal.
O volume investido no retalho poderá registar um aumento, devido às várias oportunidades já detectadas ligadas aos supermercados e ao setor dos centros comerciais.
No segmento residencial, a conjuntura económica deverá levar a uma estabilização do número de habitações transacionadas. No entanto, o desfasamento entre a oferta e a procura, o aumento dos custos de construção e a reduzida atividade de promoção imobiliária, em algumas regiões, sustentarão o aumento dos preços de venda. A tendência de subida nos preços também deverá ser sentida o mercado de arrendamento, fortemente impulsionado pelo elevado custo do crédito.
Nos setores alternativos, as residências de estudantes, as residências para seniores e cuidados de saúde, bem como a área de agribusiness – investimento em ativos imobiliários agrícolas, devem registar oportunidades interessantes de investimento. Atualmente, em Portugal, existe um défice de 55 mil camas em residências para seniores, sendo que os maiores operadores de saúde privada possuem projetos de expansão ambiciosos nesta área, de modo a aumentar a cobertura geográfica. Está identificado um gap de 73 mil camas em Lisboa e 32 mil no Porto, no que diz respeito às residências de estudantes, o que representa uma grande oportunidade de investimento no setor.
Já na área de Agribusiness, este é um dos segmentos de mercado que está a vivenciar uma revolução com a implementação de novos modelos de cultura, que são mais produtivos, e com uma forte componente tecnológica. A consultora acredita que em 2023, este setor possa representar mais de 10% do investimento em imobiliário.