Investimento em imobiliário comercial aumenta 19% até junho

Os segmentos de Logística e Hotéis foram responsáveis por 65% do volume de investimento.

Segundo o relatório ontem apresentado pela consultora Savills, o mercado de investimento imobiliário comercial registou, no primeiro semestre de 2022, um volume de investimento de 600 milhões de euros, valor 19% acima do registado no período homólogo de 2021.

Os setores de Logística e Hotéis foram os principais segmentos responsáveis pelos resultados alcançados.  O mercado investimento imobiliário comercial atingiu, no segundo trimestre de 2022, o patamar dos 391 milhões de euros, 62% acima do mesmo período de 2021, tendo recuperado da quebra de 21% registada no primeiro trimestre.

Os segmentos de Logística e Hotéis foram responsáveis por 65% do volume de investimento. No segmento logístico foram registadas 9 transações num total aproximado de 200 milhões de euros. Aquila Capital, Bedrock Capital Partners e Square Asset Management integram o grupo de investidores que adquiriram ativos logísticos neste primeiro semestre.

No segmento de Hotéis, foram fechadas 8 transações num montante total de 197 milhões de euros, com a venda do Hotel Pestana Blue Alvor à Azora European Hotel & Lodging Fund a constituir a maior transação no valor de 75 milhões de euros.

O investimento estrangeiro continua a dominar o mercado nacional de investimento imobiliário com 77% de market share, com capital proveniente de países como Espanha, Alemanha, Suíça e China a ser alocado às maiores transações.

Segundo Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal afirma “A confiança dos investidores em relação às perspetivas económicas atuais irá influenciar a dinâmica do mercado. Contudo, os dois últimos trimestres de 2022 vão elevar o volume de investimento por via da conclusão da venda de portfólios e ativos de peso. O mercado de investimento nacional continua a beneficiar dos fortes fundamentos de mercado que sustentam uma procura ativa alavancada por elevados níveis de liquidez. Os setores mais atrativos para os investidores continuarão a ser escritórios, logística, hotéis e o setor living”.

Quanto ao mercado de Escritórios de Lisboa, o mesmo teve um desempenho bastante positivo durante o primeiro semestre de 2022, com um volume de absorção acumulado de 168.339 m2, que corresponde a um aumento de 53% em relação ao mesmo período de 2019, ultrapassando igualmente os resultados anuais de 2017, 2020 e 2021. Com o desempenho do mercado a melhorar mês após mês, o mercado de escritórios já superou o período pandémico, vendo cada vez mais reforçada a importância dos espaços de escritórios.

Os ocupantes internacionais que se deslocam ou expandem a sua atividade para o mercado nacional, têm reconhecido em Portugal sólidos fundamentos de mercado que sustentam a sua tomada de decisão, passando pela segurança, estabilidade política e social, custo de vida competitivo, mão de obra qualificada, entre outros.

De acordo com Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal sublinha que ”2022 vai marcar um novo recordo histórico acima dos 230.000 m2, ainda que tenhamos que ressalvar o peso muito significativo das operações de pré -arrendamento no alcance destes resultados. Os ocupantes colocam agora no topo das suas prioridades temas como a sustentabilidade, a otimização dos seus espaços de trabalho, com repercussões diretas no bem-estar e produtividade dos seus colaboradores. Vivemos tempos únicos, de mudanças que vieram para ficar e a liquidez e valores alcançados nos novos projetos são o espelho desta importante e histórica mudança”.

O mercado de Escritórios do Porto registou um volume de absorção total de 30.287 m2 durante o primeiro semestre do ano. Este resultado adquire especial importância quando comparado com 2019, uma vez que se encontra 48% acima do valor registado no período homólogo desse mesmo ano, confirmando igualmente uma trajetória de recuperação e crescimento no norte do país.

Segundo a Savills, o setor de retalho observou comportamentos distintos no decorrer da primeira metade do ano 2022. No primeiro trimestre, os planos de expansão dos operadores mantiveram-se estáveis, após um período de contenção provocado pela pandemia.  No entanto, o conflito na Ucrânia, o aumento da inflação e as ruturas nas cadeias de abastecimento, trouxeram uma nova realidade, conduzindo à adoção de estratégias mais conservadoras, tentando navegar ao ritmo da evolução dos eventos e da conjuntura económica mundial.

O setor do retalho alimentar ganhou destaque, com os supermercados de proximidade responsáveis pela maior dinamização do consumo na área do retalho, a par do e-Commerce, que impulsionou novos modelos de negócio e diversificou os canais de distribuição das empresas do setor alimentar.

Existiu também uma maior atividade no setor Industrial e Logístico. O mercado nacional registou um volume de absorção de cerca de 160.000 m2, sendo que em Lisboa, o primeiro semestre do ano apresentou um resultado a rondar os 104.000 m2 de volume de absorção. Embora este número esteja 24% abaixo dos valores verificados no mesmo período de 2021, os projetos que cumprem com diretrizes ajustadas aos critérios atuais dos ocupantes no que diz respeito a modernidade, inovação e sustentabilidade irão ser um fator-chave para o aumento do volume de absorção. De acordo com a consultora, para os próximos quatro anos, o mercado de Lisboa deverá contar com cerca de 288.000 m2 de novos espaços, com 45% já em fase de pré-arrendamento.

Pedro Figueiras, Associate Diretor do Departamento Industrial & Logístico da Savills Portugal constata que “irá prevalecer uma procura robusta predominantemente de logística para apoiar o crescimento dos 3PL´s, paralelamente a uma procura por soluções logísticas de proximidade e de formatos mais adequados a operações de cross-docking. A procura de unidades industriais está também a começar a ganhar visibilidade e a atratividade de Portugal é cada vez maior para estes investimentos. Os novos projetos vêm igualmente adicionar mais dinâmica ao mercado, com um incremento de soluções de sustentabilidade, eficiência energética e maior eficiência de operação, fatores que inevitavelmente terão reflexos no valor de renda praticados”.

No que diz respeito ao mercado Residencial, na Área Metropolitana de Lisboa foram vendidos cerca de 26.000 fogos no primeiro semestre do ano, o que representa um aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2021 e à média dos últimos 5 anos. A Área Metropolitana do Porto, registou uma subida de 4% em relação ao primeiro semestre de 2021 e ficou 10% acima da média dos últimos 5 anos.

Miguel Lacerda, Diretor do Departamento Residencial de Lisboa da Savills Portugal refere que “o mercado residencial poderá registar uma curva de crescimento menos acentuada no futuro, não comprometendo o interesse e evolução do mercado residencial prime, que se mantém firme por via do investimento internacional e de compradores nacionais que vêm no mercado residencial uma alternativa segura aos seus investimentos. Além disso, a depreciação do Euro pode apresentar alguns aspetos positivos para este segmento, uma vez que os investidores americanos terão o seu poder de compra aumentado. O mercado americano tem vindo a crescer, desde o final de 2021, em parte motivado pelos Golden Visa”.

Por seu turno, o setor de Hospitality continuou a sua trajetória de recuperação, uma vez que se aproxima progressivamente dos registos pré-pandémicos. Um fator determinante é o aumento das dormidas internacionais e dos hóspedes, com a percentagem de hóspedes internacionais a aumentar 56% em comparação com o primeiro semestre de 2020. Em termos de investimento, o segmento manteve-se muito ativo, com oito transações que totalizaram cerca de 197 milhões de euros, com os investidores a demonstrarem uma preferência por ativos em destinos consolidados como o Algarve e o Porto.

Portugal continuará a ser um destino de marcas internacionais e continuará a reforçar o seu lugar como um destino turístico e empresarial. Para além dos principais destinos, Lisboa, Porto e Algarve, outras zonas do país estão a atrair investidores e nomeadamente a Comporta, Madeira e Açores.