Imobiliário comercial pode ultrapassar em Portugal os 3 mil milhões de euros em 2022

Estima-se que 2021 feche com um volume de investimento entre os 1,8 mil milhões e os 2 mil milhões de euros.

É esta a previsão da consultora imobiliária internacional Savills que indica que o Imobiliário comercial pode ultrapassar em Portugal os 3 mil milhões de euros em 2022 e aponta para retorno deste segmento aos níveis pré-pandemia, fruto da recuperação de investimento estrangeiro e da conclusão de operações iniciadas em 2021.

A Savills estima que 2021 feche com um volume de investimento entre os 1,8 mil milhões e os 2 mil milhões de euros, valor que fica abaixo dos 2,7 mil milhões registados em 2020, pois algumas das transações projetadas para 2021 só deverão ficar concluídas no primeiro semestre do próximo ano.

A esperada recuperação deverá ser impulsionada pela revitalização da confiança e interesse dos investidores estrangeiros. Embora a escassez de uma oferta suficientemente ampla para responder à crescente procura imbui este setor de uma concorrência intensa.

Segundo a Savills, o segmento de escritórios tem sido capaz de manter a sua primazia no topo da lista de interesses dos investidores. No entanto, a falta de produto de qualidade tem motivado a definição de uma nova tendência: o investimento em imóveis devolutos e a sua reabilitação.

A consultora indica ainda que em 2022 deverá verificar-se uma recuperação do segmento hoteleiro, um dos que mais sofreu no contexto pandémico e que se espera que venha novamente a conseguir captar a atenção dos investidores.

De acordo com Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, “O volume de investimento imobiliário comercial alcançado em 2021 acusa ainda alguns efeitos da pandemia, que têm conduzido a um maior prolongamento dos processos de análise e de decisão. Não obstante, o mercado manteve o seu posicionamento muito firme no radar dos investidores internacionais, com o segmento de escritórios a reunir o montante mais elevado de investimento, acima dos 580 milhões de euros, distribuídos por 19 transações, das quais três resultaram da transação de portfolios”.

No que concerne ao segmento residencial, apontado como um dos mais resilientes, em 2021 viu concretizada uma operação de peso, no valor de 333 milhões de euros, referente à transação do portfolio ZIP.

Já o segmento de retalho, que registou um montante total de investimento na ordem dos 148 milhões de euros, segue agora a tendência que se tem vindo a observar de forma generalizada em todo o território europeu.

No que diz respeito às unidades de distribuição alimentar, traduziu-se em Portugal num volume de investimento total de cerca de 80 milhões de euros, através da compra de supermercados espalhados pelo território nacional, tendo sido adquiridos na sua maioria por um fundo de gestão de ativos nacional.

O segmento de logística espera que a conclusão dos novos projetos em pipeline venha trazer um novo vigor ao mercado de investimento comercial deste setor.

O setor de hospitality vai arrancar em 2022 com um avanço fortíssimo devido à venda pela ECS do Projeto Crow no valor global de 900 milhões de euros, no qual estão incluídos hotéis de luxo e outros hotéis do Grupo NAU.

Os segmentos alternativos continuaram a tração ao longo de 2021, com operações direcionadas para os segmentos de Student Housing, Senior Housing e Health Sector.  O aumento do interesse dos investidores, reforçam não só a intensão de diversificação das suas carteiras de ativos em termos de segmentos imobiliários e geografias, mas também um maior alinhamento com um acentuar de tendências demográficas com repercussões diretas na diversificação de novos modelos de Living.

Segundo Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, “Apesar dos avanços e recuos da questão pandémica, o mercado imobiliário apresenta níveis de actividade que parecem ignorar a sua presença e a incerteza que nos traz no dia a dia, reflectindo-se em níveis de actividade que atingem máximos absolutos (investimento imobiliário na Alemanha) e outros que se afiguram aos níveis pré-Covid”.