Estudo indica que arrendar habitação pode ficar mais caro do que comprar

Estudo da RE/MAX permite concluir que a aquisição de um imóvel para habitação pode acarretar um menor esforço financeiro para as famílias do que a opção de arrendamento.

De acordo com os dados da RE/MAX, comprar uma habitação pode nem atingir 70% do custo de a arrendar, que se traduz numa poupança mensal de cerca de 260 euros. Comprar ou arrendar é uma decisão que depende sempre da situação de cada pessoa ou agregado familiar e do facto de em algumas zonas do país ser difícil encontrar habitações para arrendamento de longa duração. O próprio cálculo dos custos associados à aquisição é em si complexo, obedecendo a fatores mutáveis ao longo dos anos.

Os arrendamentos corresponderam a cerca de 46% das vendas, ou seja, em cada 100 habitações transacionadas apenas 32 foram arrendadas, indicam os últimos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Cenário que tem sido evidente nos últimos anos, com a aquisição de habitações pelos portugueses em detrimento do arrendamento, com a opção compra a ganhar terreno face ao total de imóveis e face ao total de arrendamentos.

Na rede RE/MAX, no conjunto de imóveis habitacionais disponíveis em março, 29.669 imóveis (93,8%) destinavam-se a compra (15.512 apartamentos e 14.157 moradias) e 1.957 imóveis (6,2%) destinavam-se a arrendamento (1.790 apartamentos e 167 moradias).

O estudo refere que Lisboa lidera a lista, representando 27,5% das habitações disponíveis para compra a nível nacional e também cerca de dois terços do total para arrendamento, sendo o único distrito que apresenta uma proporção significativa de opções de arrendamento, ou seja, em cada sete casas disponíveis uma está para arrendar.  As alternativas de arrendamento, excluindo Lisboa são ainda mais escassas, com uma em cada 33 habitações destinada a arrendamento.

O concelho de Lisboa, é o único que apresenta um rácio acima de 1 para 5 imóveis, em termos de alternativas de arrendamento face ao total. Já os concelhos de Cascais, Odivelas, Oeiras, Amadora, Porto e Almada apresentam um rácio, sensivelmente, de 1 para 10.  A capital agrega praticamente um terço dos apartamentos disponíveis nos principais concelhos (32,3%). No que respeita a moradias, Cascais com 9,8% e Sintra com 7,5% são as localidades mais representativas. Se excluirmos o concelho de Lisboa, só uma em cada 16 habitações é que se encontra para arrendamento nestes principais concelhos.

Numa análise a longo prazo de poupança e investimento, ao vermos a opção de arrendamento: partindo de um exemplo de uma renda de 900 euros mensais, referente a um imóvel em Lisboa, num prédio urbano. Fazendo os cálculos a 35 anos, ao montante global de 378 mil euros de rendas é possível ainda subtrair a quantia de 17.570 euros, correspondente a benefícios fiscais de 15% das rendas suportadas a descontar no IRS (502 euros/ano). Desta forma, em três décadas e meia, o inquilino teria desembolsado 360.430 euros para usufruir da habitação.

No entanto, a opção de compra do referido imóvel, no pressuposto de que este custaria 195 mil euros,  ficaria substancialmente mais barata a renda, com recurso a crédito bancário a 35 anos, dois  titulares, financiamento de 80% do valor da habitação, com spread de 1% e Euribor a seis meses (-0,580%), a que se somam os custos notariais (485,92 euros), o Imposto Municipal  sobre as Transmissões (4.562,78 euros), imposto de selo sobre a aquisição (1.560 euros) e  imposto de selo sobre o crédito (936 euros). Nos anos seguintes, para além da amortização dos 156 mil euros pedidos ao banco, com o seguro de vida (4.329,50 euros), o seguro multirriscos-habitação (1.241,10 euros), o Imposto Municipal sobre Imóveis (20.475 euros) e o condomínio (8.400 euros), o total a pagar seria de 250.491 euros pela aquisição do imóvel residencial. Verifica-se assim que o custo de comprar uma casa RE/MAX pode nem atingir 70% do custo de a arrendar, com uma poupança mensal de cerca de 260 euros.

Na análise verifica-se que a opção de compra torna-se muito mais vantajosa, em termos de rácio de compra face ao arrendamento, quando comparados todos os imóveis habitacionais, pois a existência de muitas moradias nas zonas interiores do país com preços relativamente acessíveis, faz descer significativamente a diferença de preços entre as duas modalidades. O concelho de Lisboa revela ser o menos atraente para essa comparação, pois ainda que seja a região com mais e melhor representatividade de stock, é onde genericamente se registam as maiores diferenças, os maiores rácios compra versus arrendamento.

“Para cada opção, comprar ou arrendar uma casa, há vantagens, contudo na aquisição de uma habitação própria há benefícios que sobressaem.  Desde logo as taxas Euribor, que estão em mínimos históricos, assim como a atual competição pelo spread mais baixo entre os bancos. É certo que arrendar sai mais caro do que comprar e sendo uma casa um bem de primeira necessidade, será sempre vendível. Ter uma casa é possuir uma reserva de capital, que traz segurança e estabilidade; permite ainda flexibilidade de opções como mudar o espaço, as divisões, as cores e até dar-lhe outro propósito, como arrendar a terceiros e ainda se trata de uma poupança a longo prazo. Assim, as vantagens de comprar casa conjugam fatores determinantes: bom negócio na aquisição do imóvel, a poupança que terá na renda e os custos a longo prazo.” salienta Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX.