“Estamos confiantes que o mercado está vivo”, um cenário de grande optimismo na 3ª edição da DDTalks – NPL Days 2021

A 3ª edição da DDTalks – NPL Days 2021, decorreu em formato online entre os dias 22 e 24 de fevereiro. Sob o tema “Portugal Non-Performing Loans Market”, no dia 22 de fevereiro, foram abordadas várias perspetivas, opiniões e atualizações do setor em Portugal.

A moderar o painel de debate esteve José Covas, Head of Portugal na Aura REE que contou com a participação de importantes personalidades do mercado em Portugal, como José Araújo, do Millennium BCP, Marco Freire da Whitestar, Gonçalo Castro Ribeiro da DLA Piper e Francisco Virgolino da Prime Yeld. Rodeados de um grande sentido de optimismo, onde o tema central da atualidade é o cenário pandémico, em cima da mesa estiveram as aquisições de grandes portefólios de NPLS e REO’s, como estas aquisições avançam no mercado atual e qual o interesse dos players no mercado neste momento atípico.

A preocupação do impacto que as moratórias podem trazer acabou por ser desmitificada pelos intervenientes num enorme sentido de confiança no mercado a curto prazo. Se até setembro os as grandes entidades bancárias portuguesas suspenderam mais de 24 bilhões de euros em reembolsos de empréstimos, este número poderá vir a aumentar se o executivo português prolongar esta medida por mais tempo, porém não se prevêem grandes alterações no interesse dos investidores em continuar a investir no país. Para José Araújo, do Millennium BCP, as empresas são as que beneficiam de apoios europeus comunitários, o que não afetará tanto os portefólios de NPL’s, talvez os bancos se possam ressentir entre 5% a 10% com os valores das moratórias, montante que não considera muito significativo. O setor de hotéis,restauração e uma parte do retalho são os setores que podem trazer mais problemas com o fim das moratórias.

Marco Freire da Whitestar salienta que os investidores mantêm grande confiança no mercado português, isso vê-se pelos grandes portefólios que saíram para o mercado mesmo após o início da pandemia no ano passado, com valores elevadíssimos.  Segundo Marco Freire “A liquidez e o desejo de continuar a investir em NPL e em Real Estate em Portugal, existem. Nós vimos algumas mudanças no setor devido à pandemia. O que fizemos nos portefólios existentes e vimos investidores fazerem foi implementar estratégias de forma a mitigar o efeito da pandemia.”

O enquadramento legal e o funcionamento dos tribunais foi outro dos temas em questão na dinâmica de investimento. Para Gonçalo Castro Ribeiro, da multinacional DLA Piper, os investidores continuam com muito interesse porque existe muito dinheiro para ser investido e alguns desses investidores têm também um deadline para investir, pelo que o constrangimento de alguma morosidade nos tribunais e registos pode apresentar-se como um problema, mas que tem sido contornável pela vontade da continuidade de investimento. “Portanto, sempre que existem grandes oportunidades de investimento a ideia é seguir em frente com o negócio. Esta última vaga trouxe alguma incerteza ao mercado mas, apesar de tudo, os portefólios que existem são de boa qualidade, quando houver menos incerteza no mercado a expetativa é que os negócios se concluam”, afirma Gonçalo Castro Ribeiro.

Marco Freire salienta que Portugal teve melhorias significativas em termos legais na última década, com um sistema muito mais eficiente apesar de todas as queixas, comparando com outros países da europa como Itália, Espanha e Grécia. “Muitas medidas boas foram implementadas, mas precisam de melhorias. O sistema de litígio de Npl’s ainda é demasiado caro.”, conclui.

Sobre a quantidade de portefólios no mercado e como os investidores nacionais e internacionais estão a reagir à pandemia, José Araújo explica que muitos fundos de investimento continuam a comprar ativos imobiliários. Alguns dos segmentos mais procurados são imóveis para o designado build to rent e co-living, no entanto, o mercado dos escritórios aparenta estar mais confuso, se por um lado há quem queira comprar já, para garantir os melhores negócios e as melhores localizações, também há quem prefira esperar e perceber qual será a dinâmica do trabalho no futuro das empresas, entre as funções presenciais e as que permanecerão em teletrabalho. O mercado residencial continua igual, embora com menos investidores estrangeiros pelas restrições nas viagens, mas rapidamente deverá voltar à normalidade. “Os investidores, as facilidades de crédito, a liquidez ainda estão no mercado, portanto é só uma paragem que irá recomeçar igual no futuro.”, acrescenta José Araújo e reforça a ideia de que “Os Npl’s continuam com afluência, a quantidade de NPL’s que os bancos têm é maior, comparando com outros países da europa e acredito que continuem a vender, não tanto aproveitando oportunidades porque os bancos têm um forte balanço patrimonial que pode esperar pelos preços normais do mercado, mas acho que o mercado estará aberto e vivo para os NPL’s este ano. Até ao final do ano muitos portefólios se podem vender, principalmente a partir da segunda metade do ano, prevendo que as fortes restrições terminarão no final de março. Estamos confiantes que o mercado está vivo”.

Francisco Virgolino, da Prime Yeld, é da opinião que os bancos não estão a lançar muitos portefólios para venda, os investidores existem mas não têm muitos negócios disponíveis no mercado. Francisco Virgolino reforça a ideia de optimismo e confiança que se vive no setor e afirma que “além de Portugal ser um país pequeno e lindo, os aspetos legais têm melhorado nos últimos 10 anos e quando vejo portefólios da Grécia ou Espanha, a parte legal é um pesadelo comparado com Portugal. Temos boas condições, temos estabilidade política. Portugal é um excelente país para investir e surpreendentes oportunidades surgirão num futuro próximo”.