Em 2020 a venda de carteiras de malparado caiu 87,5% em Portugal

É esta a conclusão do novo estudo da Prime Yield intitulado “Keep an Eye on the NPL&REO Markets”.

A análise da consultora identifica que a transação de carteiras de crédito malparado (Non-Performing Loans ou NPL) em Portugal terá ficado em torno dos 1.000 milhões de euros em 2020. No entanto, verifica-se que nos primeiros meses de 2021 já foram concretizados negócios de carteiras de malparado no valor de 700 milhões, identificando-se “um pipeline de outros 1.200 milhões entre carteiras que já estão a ser negociadas ou que estão em oferta no mercado”, avança a Prime Yield.

O estudo conclui que “tal atividade apresenta uma queda assinalável de 87,5% face ao volume de cerca de 8.000 milhões transacionados em 2019, num impacto direto da pandemia, que congelou as operações e que redirecionou o foco do sistema financeiro para o apoio extraordinário à economia”.

Existiam cerca de 46.000 milhões em créditos alvo de moratória em Portugal, no final setembro de 2020, um valor que corresponde a cerca de 19% do total do crédito concedido pelo sistema financeiro. No mesmo período, o stock de crédito malparado em Portugal ascendia a 13.400 milhões, o que reflete um rácio de 5,5% face ao total do crédito.

O estudo elaborado pela consultora refere ainda que, apesar do surgimento da pandemia, a banca portuguesa continuou a dar passos positivos na redução do NPL em 2020. O stock de NPL em Portugal reduziu 32% de 19.600 milhões para 13.400 milhões, entre o terceiro trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2020.

O maior volume de NPL em Portugal continua a estar concentrado nas empresas, num total de 8.700 milhões em malparado no terceiro trimestre de 2020. Neste total, 70% dizem respeito às pequenas e médias empresas.  No que diz respeito às famílias, os Non-Performing Loans totalizam 3.700 milhões, dos quais 2.100 milhões dizem respeito ao crédito à habitação, com garantia do imóvel.

Os 5,5% observados no terceiro trimestre de 2020 equivalentes ao peso do crédito malparado face ao crédito total, apresentam também uma forte redução face aos 8,3% registados um ano antes. Continua, mesmo assim, a tratar-se de um dos rácios mais elevados no contexto Europeu, onde a média é de 2,8%. O rácio português é apenas superado pelo registado na Grécia, Chipre e Bulgária.

De acordo com o estudo, Portugal apresentava ainda um dos maiores volumes de crédito sujeito a moratória na Europa no terceiro trimestre de 2020. Na média Europeia, as moratórias, num total agregado de 586.900 milhões, correspondem a 3% do crédito total.