“Data centers – os dados estão lançados”

Também designado como centro de processamento de dados, um data center é um local onde estão concentrados os sistemas computacionais de uma empresa ou organização, como um sistema de telecomunicações ou um sistema de armazenamento de dados, além do fornecimento de energia para a instalação.

Os data centers abrigam um grande número de servidores e bancos de dados, além de terem a capacidade de processar grandes quantidades de informação. Podem estar montados em uma sala, armários metálicos ou até mesmo em edifícios próprios. É exatamente neste último ponto que nos vamos focar, dado que o número de data centres tem vindo a expandir-se de forma gradual em todo o mundo, em qualquer formato e tamanho necessário. Para tal, a sua localização precisa ser estratégica, tendo fácil acesso a redes de energia independentes, além de proximidade com grandes cidades.

E é aqui que o nosso país se destaca e que assistimos ao interesse dos investidores e empresas em construírem este tipo de infraestruturas em Portugal. Interesse esse, ainda mais alicerçado e fundamentado com a pandemia, altura em que a comunicação digital levou mais empresas a pensar no investimento em armazenamento de dados para fazer face às necessidades provocadas por este período da história mundial, criando também um novo paradigma e incremento na procura por novas localizações.

A pandemia veio trazer diferenças e mudanças cruciais no mundo, nomeadamente, com a ascensão do teletrabalho e a transferência de dinâmicas laborais para o mercado online. O crescimento da transferência e armazenamentos de dados têm levado a que as empresas procurem soluções que permitam dar resposta a esta problemática, daí surgirem os data centres. Portugal entra na equação com o potencial extraordinário para se tornar um dos grandes polos de infraestruturas de data centers da Europa.

Bruno Rêgo, Portugal Office Director | ISG Iberia, salienta que “Em Portugal, até ao momento não havia este tipo de infraestruturas e atualmente existem vários projetos a serem desenvolvidos. Podemos dizer que estamos como em Espanha, quando em 2019, a Amazon anunciou a construção de um empreendimento de Data Centers em Zaragoza, ou no início de 2020, tanto a Google como a Microsoft, arrancaram com diferentes soluções, uns com Data Centers próprios e outros alojados em empresas de Colocação.”

Portugal está muito bem situado para beneficiar deste movimento, um país que tem atraído a atenção de novos investidores e operadores. O mercado de Data Centers tem demonstrado um expressivo crescimento a nível global e este é um mercado com grande potencial também para o nosso país. Esta é uma tendência que se destaca com o crescimento acelerado nos habituais mercados europeus para Data Centers, com os promotores e investidores imobiliários, bem como os operadores de Data Centers a focarem a sua atenção em mercados como o português.

O país beneficia de uma excelente localização, onde chegam vários cabos submarinos de dados, que ligam África ao continente Americano. Recorde-se que Portugal integra ainda a rede mundial de cabos submarinos desde 1870 (primeira ligação ligou Portugal e Reino Unido). A Sines, chega o cabo de transmissão de dados EllaLink, que liga a Fortaleza, no Brasil, e é em Sines que têm sido anunciados grandes investimentos para a criação de Data Centers. Portugal, assim como Espanha tem uma localização geográfica estratégica para poder conectar 3 Continentes (América, Europa e África).

Bruno Rêgo, Portugal Office Director | ISG Iberia, acrescenta “Para situar o mercado de Portugal, atualmente, existe entre 30 a 50 MW no total e os principais são da Equinix, REN, Altice e Ar Telecom. Em termos de projetos, temos da Start Campus em Sines, com previsão para uma capacidade de 450 MW, da Equinix em Lisboa com capacidade de 6 MW e o projeto Edged da Merlin, em Madrid, Barcelona e Bilbao. Como estamos envolvidos na fase de pré-construção do Data Center de Sines, realizamos uma referenciação bastante alargada da cadeia de fornecimento e empreiteiros com capacidade para executarem projetos com esta especialização.”

Portugal é visto como um dos poucos países do mundo com ligações de dados diretas aos cinco continentes, é uma peça fundamental na estratégia europeia de dados porque reúne um conjunto de condições únicas para ligar a Europa a mercados como a América do Norte, América do Sul, África e Médio Oriente/Ásia. O país possui uma inigualável posição geográfica, face a várias regiões do globo, com condições únicas para atrair os maiores players tecnológicos.

Com o fortalecimento e aumento destas infraestruturas, surgem também maiores necessidades energéticas, pelo que é absolutamente indispensável uma aposta mais forte na eficiência energética deste tipo de instalações, bem como na sua sustentabilidade ambiental.

Do lado de quem gera oferta e também do lado da procura, é evidente a preocupação com a sustentabilidade, um tema tão debatido nos dias de hoje, que é também visível nesta nova vaga de procura e investimento em Data Centers, levando à criação de novos projetos e soluções operacionais inovadoras. Tendo em conta o grande consumo energético, existe em paralelo uma enorme preocupação em garantir que o fornecimento de energia é originado em fontes renováveis. Como é o caso da utilização da água do mar para o arrefecimento dos equipamentos, de forma a evitar o consumo elevado de energia. Ou até mesmo para baixar o risco de uma interrupção do arrefecimento por avaria, como ocorreu recentemente no Reino Unido, onde os equipamentos de arrefecimento colapsaram devido às altas temperaturas que foram registadas.