Construção Nova vs Reabilitação

Marcando profundamente a qualidade de vida dos cidadãos e assumindo um papel de extrema relevância na definição e na implementação de políticas sociais, a habitação é um elemento chave na ocupação do território, no desenvolvimento dos aglomerados populacionais e do parque habitacional. O estado de conservação do parque habitacional português obriga à realização de intervenções de reabilitação.

Embora estejamos a assistir a um rápido crescimento do número de novos projetos habitacionais, a reabilitação é cada vez mais o segmento do setor da construção que se tem vindo a afirmar com um enorme potencial de evolução. Portugal sempre teve uma grande preferência pela construção nova, deixando o património já construído em constante degradação. No entanto, esta é uma matéria que tem vindo a transformar-se nos últimos anos, com a reabilitação a ser cada vez mais um tema central. A reabilitação é uma tarefa de grande importância em todo o mundo, tanto por razões culturais, como ambientais e económicas.

Esta importância não se baseia somente nos edifícios antigos, mas também em muitas construções recentes, que devido à fraca qualidade, qualificação de mão-de-obra e também aos materiais usados inadequadamente, já necessitam de intervenção. Neste prisma, a reabilitação é considerada também na renovação, na conservação, na ampliação e remodelação. Embora, maioritariamente, quando falamos em reabilitação, referimo-nos ao edificado mais antigo. A consciência da importância social e cultural da preservação do património histórico é essencial para um país.

Em contraste com a construção nova que existe em Portugal e que tanto cresceu no final do século XX e no início do século XXI, foi necessário mudar a linha de pensamento no sector da construção, pois temos edifícios com valor histórico elevado e em avançado estado de degradação. Durante este período, o país foi marcado por um aumento da oferta de nova construção, pelo crescimento do número de habitações construídas e pelo aumento da procura de habitação. O que em parte se deveu à maior facilidade de acesso ao crédito à habitação, às taxas de juro e à consequente inércia do mercado de arrendamento de habitações, que em alguns casos se encontram bastante degradadas. O estado de degradação no interior dos grandes centros urbanos e o reconhecimento do seu valor patrimonial e social tem levado, recentemente, ao estabelecimento de incentivos que visam incrementar a reabilitação. Em ascensão na maioria dos países da União Europeia, o mercado da reabilitação está e deve ser uma aposta forte no futuro, principalmente em planos de reabilitação das principais áreas urbanas do nosso país, como é o caso do centro urbano de Lisboa.

Portugal é detentor de um vastíssimo património edificado que abre grandes possibilidades à reabilitação, uma vez que muitos edifícios carecem de intervenção. O valor patrimonial e cultural que os edifícios antigos têm é algo que tem de ser preservado, principalmente porque mostra os progressos que a humanidade teve ao longo dos anos e como se foi adaptando à vida dos grandes centros urbanos. A reabilitação de edifícios é uma das principais formas de sustentabilidade do sector da construção a nível mundial, produzindo menos resíduos em relação a uma nova construção, não existindo necessidade de construir num terreno novo, podendo existir reaproveitamento de material e mantendo a zona urbana conservada.

No entanto, é necessário sempre definir estratégias de intervenção no tecido urbano que permitam manter o equilíbrio e harmonia entre a expansão das cidades devido à construção nova e a manutenção e requalificação dos centros urbanos mais antigos.

A reabilitação urbana, principalmente no caso dos edifícios, é hoje um tema imprescindível quer se trate de conservação e defesa do património, de ordenamento do território, de qualificação ambiental ou de coesão social e constitui um instrumento incontornável para a qualificação e desenvolvimento das cidades. Ao conceito de reabilitação deve ser associado o de autenticidade, apesar de serem distinguidas diversas épocas construtivas, os edifícios alvo de ações de reabilitação, devem ser analisados individualmente, detetando anomalias e possíveis intervenções, de acordo com os princípios de reabilitação.

Existe atualmente uma maior consciencialização face ao tema da reabilitação, com um notório crescimento de congressos, seminários e encontros, para debater o tema e analisar as características dos edifícios antigos, seus materiais e elementos construtivos, técnicas de intervenção nestes edifícios, compatibilidade das técnicas e materiais tradicionais com os recentes.

A reabilitação é uma área que tem vindo a despertar cada vez mais interesse nos últimos anos em Portugal, devido à importância da preservação do nosso património edificado, a crescente degradação tem vindo a agravar-se a cada ano que passa e conduz os centros urbanos a um envelhecimento, o que possibilita o empreendedorismo na reabilitação.