Build to rent, a jovem promessa do imobiliário

Habitação construída para arrendar será a grande aposta no imobiliário.

O Build to rent tem tudo para dar frutos em Portugal, principalmente se tivermos em conta a escassez na oferta de imóveis para arrendamento. Este segmento alternativo, que se apresenta cada vez mais como um dos mercados de maior consistência na europa, desperta um ávido interesse por parte dos investidores. É um conceito que embora vingue há vários anos nos Estados Unidos, ganhou especial destaque no Reino Unido, onde o governo britânico apoiou uma mudança com maior inclinação para o arrendamento do que para os proprietários privados. Esta visão de comprar habitação que esteve presente nas últimas décadas está a cair em declínio e em desuso, e claramente irá acelerar a procura e oferta desta nova classe de ativos, até mesmo em Portugal. Esta mudança de mentalidade surge com a falta de poupanças e com instabilidade profissional, que impossibilita na maioria dos casos a compra de habitação própria.

Numa época em que as classes média e média baixa, os profissionais deslocados, os estudantes e os millennials precisam de soluções para habitar e não pretendem adquirir imóveis, a habitação construída de raiz destinada a arrendamento pode ser uma das respostas ao problema de escassez de oferta, em linha com os principais desígnios dos projetos build to rent.

E de fato Portugal tem quase tudo, desde investidores interessados à necessidade de habitações para arrendamento. No entanto, os últimos anos em que existiram variações nos vários segmentos do mercado imobiliário têm resultado na falta de produto disponível, levando a uma enorme desproporção entre a procura e a oferta de habitação no mercado. De destacar grandes cidades como Lisboa e Porto, em que a oferta de arrendamento apresenta alguns constrangimentos, desde a sua escassez, às rendas elevadas e quase proibitivas, à existência de habitações com construções muitas delas acima de 40 ou 50 anos. Além das construções mais antigas, por vezes desadequadas às necessidades da procura, existe também a questão da tipologia das habitações e a forma como as áreas estão divididas.

O buil to rent pode vir a ser uma das principais soluções para este problema grave de habitação em Portugal, se por um lado poderá disponibilizar oferta, o produto que os promotores imobiliários necessitam para trabalhar, por outro lado a existência de inúmeros terrenos para construção e edifícios para reabilitar são uma forte vantagem para este segmento. Este trunfo tem também inerentes algumas desvantagens, como os complexos e morosos procedimentos, os custos elevados, bem como as condições fiscais e legais que deverão ser um dos grandes alicerces para incentivo de investimentos, que elimine obstáculos e concretize o reforço de oferta de habitação.

O setor imobiliário passou por grandes mudanças no último ano, resistiu ao impacto da pandemia e modelos de imóveis para arrendar surgiram como alternativa ao modelo tradicional, de referir o co-living e o build to rent, que além de uma elevada probabilidade de rentabilidade, apresentam-se como modelos seguros e inovadores. O build to rent destaca-se por ser um dos segmentos que pode ajudar a colmatar a necessidade de oferta habitacional, sendo outra das prioridades a criação de arrendamento acessível e de longa duração.

Construir para arrendar surgiu como resposta à crescente procura por habitação de qualidade, que reflete as necessidades e prioridades em constante mudança de arrendatários com um perfil moderno. O build to rent é um modelo de negócio de longo prazo e nova dinâmica que começa a surgir no mercado residencial português. Este novo segmento permite aos investidores gerar renda sustentável ao longo do tempo através do arrendamento deste tipo de ativos. Muitos fundos de investimento e promotoras imobiliárias consideram este segmento uma estratégia para juntar às suas carteiras, este tipo de imóveis tem na mira um considerável retorno financeiro.

O último ano trouxe também à maioria das pessoas uma necessidade de pertença de comunidade, efeito de sucessivos períodos de isolamento social. E o build to rent além de habitações, constrói comunidades, disponibilizando na maioria dos casos instalações comuns às quais os residentes terão acesso, como ginários, rooftops, áreas de trabalho e atividades sociais. Como habitualmente são propriedade de grandes grupos empresariais, dispõem em muitos casos de serviços adicionais e segurança durante 7 dias por semana, um sentimento que é também cada vez mais procurado e desejado. Esta pode ser a altura ideal para revitalizar o arrendamento em Portugal.