As maiores transações de 2021

O ano de 2021 iniciou da melhor forma no que às transações do mercado imobiliário dizem respeito. Apesar do estado de emergência ter terminado somente no final do mês de Abril e durante todos o ano existirem muitos portugueses ainda em teletrabalho, foi um ano marcado pela teimosia do setor imobiliário em continuar a resistir. Prova disso foram os inúmeros investimentos e transações que presenciámos ao longo do ano de 2021. Portugal continua a estar exposto ao enorme apetite dos investidores estrangeiros.

Ainda no início do ano, veio a público um investimento de relevância na margem sul do Tejo, onde vai nascer o Innovation District, uma nova cidade global em Almada, num total de 800 milhões de euros. O projeto tem como atrativo conjugar um estilo de vida único e sustentável numa nova geografia de inovação e de conhecimento tecnológico. Numa área total de 399 hectares de intervenção, dos quais 110 hectares são zonas verdes, está prevista a chegada de 4.500 novos habitantes à nova cidade, a criação de 1.000 novas habitações, uma área de 250.000 m2 para a implementação de novas atividades económicas que irão contribuir para a criação de 17.000 novos postos de trabalho e, ainda, 86.000 m2 de infraestruturas turísticas.

O Governo anunciou em abril um investimento de 3,5 mil milhões que vai criar um megacentro de dados em Sines. O investimento é da Start Campus, empresa detida pelos norte-americanos da Davidson Kempner Capital Management LP (Davidson Kempner) e pelos britânicos da Pioneer Point Partners. Com início de construção previsto para 2022, envolvendo 900 pessoas numa primeira fase e até 2.700 no total, o Sines 4.0 deverá inaugurar no final de 2023 o primeiro dos cinco edifícios projetados.

Habitação

Ainda o mês de janeiro estava no início quando foi anunciado um projeto estimado em mais de 60 milhões de euros, a promotora Avenue comprou o antigo Hospital CUF Infante Santo, em Lisboa e vai transformá-lo num condomínio de luxo. com 87 apartamentos. O projeto Villa Infante, assinado por Frederico Valsassina, visa transformar o espaço num condomínio fechado com um jardim de mais de 3.000 m2. No mesmo mês, a promotora Rio Capital anunciou o investimento de 65 milhões de euros em projetos residenciais na Grande Lisboa até 2022. Desde que chegaram a Portugal, no espaço de dois anos a Rio Capital já desenvolveu seis projetos, num volume total de aproximadamente 30.000 m2 de construção.

O mês de fevereiro fechou com chave de ouro, com a notícia do investimento de 150 milhões de euros da Round Hill Capital e TPG Real Estate num projeto residencial. O Lumino é o novo edifício que vai nascer no Campo Pequeno em Lisboa, com cerca de 40.000 m2 que irão acolher uma zona habitacional com 300 apartamentos e também uma residência universitária com 380 camas.

Já no mês de maio se soube do investimento de 110 milhões de euros de que nasce o DUUO, na Praça de Espanha, em Lisboa. A BESIX Real Estate Development lança a primeira fase da comercialização oficial do DUUO, um conceito de vida premium de 34.000 m2 na Praça de Espanha. O projeto é composto por 280 unidades residenciais distribuídas por dois condomínios, que serão desenvolvidas em duas fases diferentes de 140 apartamentos cada.

Já a meio do ano, em junho o setor foi marcado pelo anúncio da construção do “Dubai na Madeira” num investimento de 250 milhões de euros.  O projeto está dividido em nove lotes para uso de habitação, comércio e serviços. O período de execução da obra é de seis anos. Trata-se de um terreno com 35 mil metros quadrados, está dividido em nove lotes, em cada lote será construído um edifício.

No início de outubro, foi anunciado o “Gaia Hills”, empreendimento residencial direcionado para famílias, que conta com a promoção dos grupos belgas Thomas & Piron e Promiris, num investimento total de cerca de 85 milhões de euros.  Em plena zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia nasce o empreendimento cujo projeto prevê construção nova, através da edificação de oito edifícios habitacionais para cerca de 256 apartamentos T0 a T5. Projetado ao longo de quatro a cinco pisos, agrega uma área total de construção acima do solo a rondar os 30.500 m2.

Escritórios

Em janeiro de 2021, ainda o ano estava a começar, quando se soube que o edifício Multiusos do Oriente foi vendido pelo Millennium BCP ao fundo Orion European Real Estate Fund V, fundo de investimento gerido pela Orion Capital Managers. O valor de negócio não foi revelado e o edifício localizado no Parque das Nações, em Lisboa, tem um total de 37.000 m² de escritórios em construção, e deverá ser concluído no final de 2022.

Ainda o mês de julho estava no início quando a Jamestown adquiriu o Entreposto de Lisboa por 98 milhões de euros. A Jamestown estreou-se no mercado imobiliário português com a compra do edifício de escritórios JQOne. A empresa de investimento e gestão imobiliária, com foco em design, anunciou em representação de um grupo de investidores, a entrada no mercado português com a aquisição do JQOne. O imóvel localizado na zona oriental de Lisboa, conta com 48 mil metros quadrados.

Com julho a terminar, a britânica Sixth Street comprou 15 edifícios da Quinta da Fonte por 150 milhões de euros. Os imóveis foram vendidos pela Signal Capital à Sixth Street em parceria com a Acacia Point Capital. Localizados na Quinta Fonte em Oeiras, o total dos 15 edifícios, poderá ser um dos maiores negócios do imobiliário deste ano. Com 80 mil metros de construção, a Quinta da Fonte tem um total de 22 edifícios, tendo esta operação sido para 15 deles.

Mais para o fim do ano, em novembro, o mês começou bem para o segmento de escritórios, em que foram anunciadas algumas das melhores operações no mercado. Allo é o novo projeto de escritórios a nascer em Alcântara num investimento de 125 milhões. Dividido por dois edifícios de escritórios de características semelhantes, o projeto ALLO integra uma área bruta de construção acima do solo de cerca de 39.000m2. O Alcântara Lisbon Offices conta com a assinatura do atelier Saraiva Associados. O projeto é representado pela sociedade gestora Bedrock Capital Partners.

Retalho

O setor do retalho não se ficou atrás na quantidade das valiosas transações efetuadas ao longo do ano, a destacar o mês de março, em que a rede de supermercados Lidl abriu uma nova loja em Rio Tinto, Gondomar e reabriu quatro unidades, num investimento total de 180 milhões de euros. O investimento surge no seguimento do processo de expansão e modernização do parque de lojas da retalhista, de norte a sul do país, no ano de 2020.

Entretanto, a cadeia espanhola Mercadona anunciou em abril que pretendia abrir em 2021 mais nove lojas em Portugal, num investimento de 150 milhões de euros. Com a finalidade de dar continuidade ao seu projeto de expansão em Portugal, a empresa investirá 150 milhões de euros e recrutará 500 pessoas.

A Makro de Alfragide foi vendida em julho por mais de 40 milhões de euros. A operação de sale & lease back engloba o terreno e os edifícios da empresa em Alfragide, incluindo edifício de escritórios e estabelecimento comercial. Em conjunto com a METRO PROPERTIES, entidade gestora do imobiliário da METRO AG, a makro Portugal vendeu o ativo ao Fundo de Investimento Imobiliário Aberto IMOFOMENTO, gerido e representado pelo BPI Gestão de Ativos O local conta com 25.400 m², dos quais 21.000 m2 são dedicados à loja e os restantes 4.400 m2 ao edifício de escritórios.

Logística

Já no verão, em junho foi anunciada a venda do Antigo complexo industrial “A Napolitana”, adquirido por um consórcio internacional de investidores. O Antigo complexo industrial tem um valor total de investimento superior a 50 milhões de euros, incluindo aquisição e obra. Os edifícios da Napolitana, antiga fábrica de massas, localizados em Alcântara, Lisboa, foram adquiridos ao Grupo Auchan por um consórcio internacional de investidores constituído pelas empresas RFR Holding LLC / CGC / Artemis Education.  Está prevista a abertura de uma escola internacional nas instalações da antiga unidade industrial, a primeira em Lisboa do Artemis Education Group.

Já no final do mês de agosto, a Garland anunciou um investimento de 30 Milhões de Euros num novo centro logístico em Vila Nova de Gaia. A Garland Logística espera assim aumentar o seu volume de negócios em 40%, com a construção do imóvel, numa área coberta de 38.000 m2. Implementado num terreno com cerca de 100.000 m2, o novo centro logístico conta com excelentes localização e acessibilidades, junto ao nó de Arcozelo entre a A44 e a A29. A conclusão da obra está prevista para junho de 2022.

Estava o ano a terminar, quando em novembro se deu início a uma das maiores transações do ano neste segmento, com o anúncio de que o Novo Banco vendeu as antigas instalações da Lisgráfica. Localizada na Zona Industrial de Queluz de Baixo, concelho de Oeiras, a Lisgráfica é uma unidade industrial, com aproximadamente 48.000 metros quadrados de área bruta de construção, inserida num terreno com 105.000 metros quadrados. O valor da transação e o comprador não foram revelados.

Residências Sénior

Neste segmento, em que continuam a surgir cada vez mais projetos no país, em junho foi anunciada a construção de duas novas residências sénior num investimento de 16 milhões de euros, em Oeiras e Coimbra. O Círculo de Mestres uniu-se a um grupo de investidores, não divulgado, para o desenvolvimento das novas unidades. O investimento de 16 milhões euros, permitirá acolher mais 250 utentes, tendo esta rede de residências sénior como objetivo atingir os 1000 utentes a nível nacional dentro de três anos.

Em setembro veio a público que a Thor Spain entrou em Portugal com três residências para idosos num investimento de mais de 30 milhões de euros. Os espanhóis da Thor entraram em Portugal com três residências para idosos, com 120 camas cada uma, em Setúbal, Guimarães e Algarve e cada projeto envolve um investimento entre 10 milhões e 14 milhões de euros. A entrada no mercado português foi um dos objetivos que a promotora definiu após o início da expansão em Espanha e vai agora avançar.

Hotéis

O ano de 2021 foi marcado com inúmeras transações, logo em janeiro o EPIC SANA Marquês. O mais recente hotel de 5 estrelas que o Grupo SANA abre em Lisboa, num investimento de 48 milhões de euros. A abertura estava prevista ainda no primeiro trimestre do ano e resulta da ampliação e renovação do 4 estrelas EPIC SANA Lisboa Hotel. O EPIC SANA Marquês terá mais 170 quartos, num total de 379 unidades de alojamento, além de um centro de conferências com 18 salas com capacidade para 450 pessoas em plateia.

No mês de maio e mais a norte, o Grupo Mercan e 160 Vistos Gold unem-se num investimento de 56 milhões em novo hotel no Porto. O Renaissance Park Hotel – Porto vai nascer com arquitetura de topo, um novo Parque Urbano e uma impressionante vista sobre a cidade. Prevê-se que o Renaissance Park Hotel – Porto tenha uma área de cerca de 14 mil metros quadrados, 163 quartos, piscina panorâmica exterior no último andar com bar e esplanada, restaurante com capacidade para 250 pessoas e um centro de congressos com capacidade até 600 utilizadores.

Entretanto, no início do verão, ainda em junho, o Grupo Pestana anunciou a compra do Hotel Madeira Palácio por 45 milhões de euros, que irá ser transformado em apartamentos e construção de um novo hotel. O Madeira Palácio é composto por quatro lotes: o hotel propriamente dito, uma zona de apartamentos, um terreno para construção ao lado do Pestana Bay e um lote com habitações em regime de colonia, um regime que só existe na Madeira, em que as casas estão habitadas e os colonos têm direito de preferência.

No mês de julho, a Azora adquiriu dois hotéis de cinco estrelas no Algarve por 148 milhões. A gestora aumenta assim o investimento do seu fundo hoteleiro com a compra das unidades que serão exploradas pelo NH Hotel Group. A Azora European Hotel & Lodging fechou também um contrato de gestão para estas unidades com a Minor International (MINT). Os principais ativos da transação são o resort Tivoli Marina Vilamoura e o resort Tivoli Carvoeiro.

No mesmo mês e mais a norte a Sonae Capital vendeu o Porto Palácio Hotel por 62,5 milhões de euros ao fundo CA Património Crescente, do Crédito Agrícola. Gerido pela Square AM, o fundo do Crédito Agrícola, adquiriu o complexo de edifícios, onde se inclui a unidade hoteleira de cinco estrelas, que tem uma área total de 48 mil metros quadrados.

Turismo

Ainda no início do ano, em fevereiro, a Cidade de Braga foi considerada o melhor destino europeu em 2021 pelo European Best Destination. Braga recolheu 109.902 votos dos internautas, consolidando-se como um destino de excelência e uma referência no turismo internacional.

Mais uma vez Portugal ganha destaque com a eleição do Melhor País do Mundo pela Condé Nast, no mês de outubro. Os leitores da revista votaram nos Readers’ Choice Awards 2021 e puseram Portugal no topo da tabela dos 20 melhores Países. O hotel São Lourenço do Barrocal, no Alentejo, foi eleito Melhor Hotel da Península Ibérica. Portugal ficou à frente de destinos como a Nova Zelândia, o Japão, Marrocos, Sri Lanka, Itália, Islândia, Grécia, Croácia e Turquia.

NPL’s

O mês de março que anuncia a chegada da Primavera foi também marcado por novidades no malparado. Ainda no arranque do mês, veio a conhecimento público que a sociedade gestora Davidson Kempner Capital Management ganhou o concurso para a compra da carteira de malparado “Projeto Wilkinson”. O Projeto Wilkinson é um portefólio de crédito malparado com um montante ligeiramente acima dos 200 milhões de euros e é composto por dívidas de incumprimentos de grandes devedores.

No início do mês de maio, a Whitestar Asset Solutions ganhou a gestão de uma carteira Unsecured, composta por mais de 3.700 créditos, cerca de 1.300 devedores e um valor em dívida que ultrapassa os 200 milhões de euros.  Em causa está um portefólio que integra a carteira Guincho, a segunda titularização pública de NPL (Non Performing Loan) realizada em Portugal, cuja gestão tinha sido dividida por três servicers: Whitestar – Individual Secured, Hipoges – Corporate Secured e Altamira – Unsecured.

A Marina de Vilamoura também deu que falar com o “Project Vilamoura” a ser vendido em maio à Arrow por cerca de 100 milhões de euros. Os norte-americanos da Lone Star venderam o “Project Vilamoura” a um conjunto de investidores. Entre os compradores está o fundo britânico Arrow Capital e os empresários Filipe de Botton e Alexandre Relvas. Em carteira está a marina de Vilamoura, duas sociedades e 21 lotes de terreno com potencial de construção.

Com o final do ano a chegar, em dezembro a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), informou o montante pelo qual foi vendida uma carteira de crédito malparado do Novo Banco. O Projeto Harvey foi vendido por 52,3 milhões de euros. O portefólio que tinha o valor de 164,4 milhões de euros, no passado mês de setembro, foi vendido ao fundo Deva Capital Management Company e à AGG Capital, do grupo Arrow. Espera-se que a conclusão desta transação, nos termos acordados, tenha um impacto sobre a posição do capital do banco liderado por António Ramalho e em 2021 sobre a declaração de rendimentos.

Também no último dia do mês de dezembro, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) avançou em comunicado que o Banco Montepio vendeu uma carteira de crédito malparado de 253 milhões de euros. A aquisição da carteira de NPL (Non-Performing Loans), que engloba 10.318 contratos registados, foi efetuada pelas entidades LX Investments Partners III, BTL Ireland Acquisitions II Designated Activity Company e BTLP Acquisitions I Unipessoal, Lda.

Ativos Alternativos

No final do mês de julho surgiu a notícia de que a JP Morgan AM e a MCH Investment Strategies fecharam um fundo de ativos para Portugal e Espanha com 370 milhões. A JP Morgan Asset Management, uma das maiores sociedades gestoras do mundo, e a MCH Investment Strategies, com cerca de 4.000 milhões de euros em ativos sob gestão ou representação, anunciaram o encerramento do primeiro fundo resultante da sua estratégia de aliança para o desenvolvimento, gestão e distribuição de programas de ativos reais em Portugal e Espanha. O fundo vai investir com grande diversificação por país, setor e tipo de ativo em infraestruturas, imóveis e meios de transporte.

A OptylonKrea lançou fundo de 150 milhões de euros em setembro. A empresa pan-mediterrânica de promoção imobiliária e gestão de investimentos, OptylonKrea torna-se General Partner da sociedade gestora de capital de risco Stag Fund Management, para lançar um novo fundo de 150 milhões de euros.  O Prima Europe Fund é dirigido a investidores que procuram beneficiar do regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), os chamados ‘Vistos Gold’, através do investimento nas branded residences Prima Collection. Presente em Portugal desde 2015, a OptylonKrea e Fund Advisor em três fundos de investimento de acesso a Vistos Gold, identifica grandes oportunidades no contexto de retoma económica pós-Covid e aponta Portugal como um dos países que mais irá beneficiar das mudanças motivadas pela crise pandémica, tanto na forma de trabalhar como de viajar.

Quase a concluir as operações de 2021, no final do mês de dezembro, o grupo francês Icade Santé comunicou a aquisição de três hospitais Lusíadas e o Hospital Privado S. Gonçalo por 213 milhões de euros. A totalidade do fundo SaudeInveste, da Fidelidade, foi vendida ao grupo e o portefólio é composto por três hospitais privados do grupo Lusíadas e outro da HPA Saúde. Os quatro hospitais têm uma área total de 90 mil metros quadrados e mais de 500 camas. As quatro unidades hospitalares perfazem a totalidade do portefólio do fundo SaúdeInveste da Fidelidade. Este é o primeiro investimento em Portugal da francesa Icade Santé. Os três imóveis do grupo Lusíadas estão localizados em Lisboa, Porto e Albufeira, e o quarto imóvel o Hospital Privado S. Gonçalo, do grupo HPA Saúde, está situado em Lagos.