De acordo com a análise da consultora imobiliária internacional Savills, o mercado deverá recuperar totalmente, para níveis pré-pandemia, em 2022. O mercado imobiliário em Portugal captou um volume de investimento total de 2 mil milhões de euros em 2021, o que representa um decréscimo de 28% e 34% face a 2020 e 2019, respetivamente.
Com o segundo semestre de 2021 a fechar em nota muito positiva e tendo em consideração a expectativa de fecho de transações de montantes significativos a ocorrer já na 1.ª metade de 2022, a consultora prevê que o mercado deverá recuperar totalmente, para níveis pré-pandemia, ainda este ano.
Em 2021, o segmento de escritórios reuniu a maior quota de mercado, exercendo um peso de 39% no volume total de investimento imobiliário. Seguiram-se os segmentos alternativos, com um volume de investimento total superior a 600 milhões de euros, resultado de transações de portefólios nos segmentos de PRS e Healthcare. A emergência de novos modelos de habitação e a tendência de envelhecimento populacional estão a impulsionar o interesse dos investidores nesse segmento.
O setor de Hospitality arrecadou um investimento total de 296 milhões de euros (14,8%), o setor do Retalho captou 209 milhões de euros (10,5%) e Indústria e Logística atraiu 41 milhões de euros (2,3%).
No que respeita ao investimento estrangeiro, este manteve a sua posição de dominância no mercado imobiliário nacional em 2021, com uma representatividade de 74%. França, EUA e Espanha contribuíram para mais de metade de todo o investimento imobiliário em Portugal em 2021.
Em 2021, as prime yields de escritórios mantiveram-se estáveis nos 4%, mas começam agora a mostrar sinais de compressão, reflexo de interesse sólido por parte dos investidores sobre uma oferta reduzida. No que concerne aos centros comerciais, as yields registaram um ajuste de 5,25% para 5,50%.
Já o setor de Indústria e Logística observou uma compressão de yields em 2021, motivada por um volume recorde de take-up no mercado ocupacional, motivado pelo crescimento do e-commerce e por uma oferta de qualidade que permanece ainda escassa nos principais eixos-logísticos.
Antevendo-se uma recuperação total das perdas sofridas durante os dois primeiros anos da pandemia de COVID-19, 2022 deverá marcar o regresso do mercado imobiliário nacional aos níveis pré-pandemia.
Segundo a Savills, as estratégias de diversificação de carteiras de investimento deverão continuar a prevalecer, focadas agora em classes de ativos operacionais. Em 2022, os segmentos de Residencial e Logística continuarão a atrair uma porção significativa do interesse dos investidores, sustentado por fundamentais de mercado muito resilientes e em crescimento, com um nível de procura que excede claramente a oferta disponível.
As unidades de distribuição alimentar ganharam também relevo, passando a ser percecionadas como ativos altamente resistentes e seguros, tendência que deverá prevalecer em 2022. Prevê-se que o setor de Hospitality comece a recuperar e que o interesse dos investidores nessa área estabilize em 2023.
No mercado ocupacional de escritórios, o retorno da maioria das empresas aos seus espaços de trabalho será feito agora tendo em conta a flexibilidade e bem-estar dos colaboradores. À medida que começamos a perceber que a fórmula de crescimento reside na flexibilidade dos espaços e dos colaboradores, os proprietários terão também de acompanhar esta mudança.
Em 2022, continuaremos também a observar o crescimento do setor da saúde e farmacêutico, dado o contexto de pandemia global e uma forte tendência para o envelhecimento demográfico. O setor das TMTs continuará a ser um dos pilares mais fortes do mercado de escritórios de Lisboa e do Porto.
De acordo com a análise da consultora “Localização, sustentabilidade e flexibilidade são os grandes fatores a ter em conta em 2022. Embora o primeiro tenha sido sempre o pilar essencial do setor imobiliário, a certificação construtiva dos edifícios é agora exigida pelas grandes multinacionais e empresas parceiras. Atualmente, os inquilinos dão prioridade a edifícios certificados, ou que, com algum investimento, sejam elegíveis para obter essas mesmas certificações. Em 2021, houve uma maior procura por edifícios certificados, mesmo que isso tenha implicado um maior esforço financeiro.”
Segundo Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal “Na 2.ª metade de 2021 já foi notória uma aceleração de atividade, quer no mercado de investimento, quer no mercado ocupacional, para níveis pré-pandemia. Esta aceleração deverá ser particularmente sentida nos primeiros 6 meses de 2022, com um forte arranque do ano impulsionado pela vontade de investidores e tenants em concluírem operações que se prolongaram devido aos constrangimentos do período pandémico. Será, sem dúvida, um ano entusiasmante e extremamente dinâmico, com o mercado a revelar novas tendências que vêm adicionar novos segmentos e modelos operacionais a um mercado que se manteve firme, resiliente e muito atrativo”.