O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, foi ontem palco do 12° NPL IBERIAN FORUM. Organizado pelo CMS Group, o encontro tem como objetivo criar experiências transformadoras que resultam em novas ideias e oportunidades. A iniciativa continua a inspirar pessoas e organizações a antecipar o futuro.
O evento que contou com sala cheia, foi mais uma vez uma excelente oportunidade para reunir, todos os principais players do sector, durante as sessões de debate, formação e networking que a CMS organizou para o encontro.
O 12° NPL IBERIAN FORUM iniciou com a abertura de boas-vindas de Ignacio Vilarroig, Director Geral para a Europa, CMS GROUP. Entre os oradores convidados para o evento, estiveram várias personalidades conhecidas do mercado de NPLs, contando com a presença de representantes de bancos, investidores, prestadores de serviços e consultores.
Logo no primeiro painel sob o tema “O sector dos NPL num contexto económico difícil. Como está a evoluir o sector e o que se pode esperar a curto prazo?”, foi feita uma análise sobre o futuro do Performing, Sub-Performing e Non-Performing Loans em Portugal e a visão dos especialistas sobre o contexto económico, marcado por taxas de juro elevadas, a guerra na Ucrânia e os desafios pós-COVID que permanecem.
Susana Bento, Partner at Deloitte Corporate Finance, foi a moderadora neste painel onde estiveram presentes José Araújo, Central Manager at Millennium BCP; Marta Lourenço, Head of Portfolio Solutions SE Cluster at JLL, Paulo Barradas, CEO at Restart Capital.
De acordo com José Araújo, Central Manager at Millennium BCP, que mostrou muito optimismo nas suas intervenções durante o debate, “Os bancos já eram rentáveis ainda antes da guerra e do aumento dos spreads e inflação, mas os bancos tiveram também um reforço de capital próprio. O risco de crédito aumentou de há um ano a esta parte e também surgiu uma inflação galopante, no entanto considero que os spreads no crédito à habitação até são baixos”.
Para Paulo Barradas, CEO at Restart Capital, “A leitura que se faz do mercado é bastante convergente, todos já percebemos que estamos num novo ciclo. A questão é conseguir ultrapassar os desequilíbrios com capital próprio.”
Quando questionada sobre a capacidade para atrair investimento externo, Marta Lourenço, Head of Portfolio Solutions SE Cluster at JLL, refere que “Na segunda metade do ano começámos a ver a certeza dos investidores mais abalada. É ainda difícil de aferir como está o pricing no mercado. O mercado de NPL’s vai por arrasto. Não temos trabalho muito na área de unsecure, ao contrário dos outros países como por exemplo Espanha e Polónia”.
Em cima da mesa estiveram temas como a guerra da Ucrânia e os desafios pós-covid e José Araújo, Central Manager at Millennium BCP, salienta ainda que “Neste momento, existe um aumento de capital e também o medo dos compradores e dos promotores, após o lançamento do Pacote Mais Habitação. Já se sabe como tudo vai evoluir, os particulares vão começar a entrar em incumprimento, mas não será em catadupa como em 2010. A economia vai funcionando e vai funcionar também no próximo ano. Os bancos estão serenos, vão existir negócios pontuais, mas creio que não serão tão fortes.”
No segundo debate que contou com a presença de Bruno Carneiro, CEO at Servdebt, Hugo Velez, General Manager – Partner at Hipoges, Manuel P. Raposo, Managing Director at Finsolutia e Marco Freire, Chief Executive Officer at Whitestar, moderados por André Figueiredo, Partner at PLMJ, o tema foi a “Visão dos Servicers sobre o sector dos NPL em Portugal. Quais são as principais operações de carteira que estão a decorrer e como se espera que o mercado se comporte?”
Neste painel, Bruno Carneiro, CEO at Servdebt, que não antevê grandes alterações no próximo ano, salienta “Somos o que somos, este é o nosso mercado, somos um mercado pequeno, se compararmos com um país como Espanha que é quatro vezes maior. Mas mesmo sendo pequeno e com pouca perspetiva de investimento no futuro, continua a ser um mercado competitivo, embora não se consiga prever uma grande mudança nos próximos 12 meses”.
Quanto ao comportamento do mercado, Marco Freire, Chief Executive Officer at Whitestar considera que “Há cada vez mais investidores pequenos a investir em Portugal nos unsecured, esta é uma decisão para os investidores manterem as suas estruturas”.
Após a primeira pausa da manhã para algum networking entre os participantes e que aliás se fez ao longo de todo o dia, surgiram vários painéis com diferentes e variadíssimas opiniões. Sob o tema “Apetite dos investidores no mercado de dívida português. Investimentos oportunistas num cenário económico complexo”, Joana Maia, Country Manager at Veld Capital, quando questionada sobre a competitividade do mercado de NPL’s português, salienta que “O mercado está extremamente competitivo, porque também há pouco produto e somos um país pequeno com muitas pessoas a querer investir e investidores com diferentes perfis.”
No entanto, Luís Chaves, Managing Director at EOS Portugal, faz a ressalva de que “Estamos a ignorar um pouco o inevitável quando temos um Estado endividado, parece-me elementar que se adivinhem tempos conturbados”.
Na opinião de Luís Salvaterra, Managing diretor at Intrum, “Portugal nunca será grande dada a sua dimensão, mas se as taxas de juro e a inflação vão subir, logicamente o NPLs também vão subir, o que irá fazer com que o mercado comece a mexer”
O mercado de NPLs está a evoluir e os principais players estão a evoluir com ele. No encontro foi dada a perspetiva e panorama dos NPL (Non-Performing Loans) em Portugal, as principais operações de portefólios previstas para um curto prazo, a evolução do Crédito Performing e Sub Performing num contexto económico desafiante. Foram também debatidas a oportunidade de investimento no mercado português de NPL, bem como a rápida evolução do sector das cobranças pela mão da inteligência artificial, a gestão de carteiras de PME’s, o enquadramento regulamentar e para finalizar uma visão geral do mercado de NPL.